Do grande hino gay ‘I Will Survive’ passando por Beleza Rara, clássicos do Olodum e Teleguiado, Ivete Sangalo fez valer sua fama de cantora mais poderosa do Brasil na madrugada deste domingo (02) ao encerrar o festival San Island Weekend, em Trancoso na Bahia. Ivete cantou na área externa do teatro L´Occitane por cerca de 2 horas para um público de 3 mil pessoas tendo como base o projeto do seu novo DVD – Ivete Live Experience, lançado este ano. A cantora se apresentou em um palco com 16 metros de altura envolto em 500 metros quadrados de LED. Ela foi a atração de encerramento do festival, promovido pelo grupo San Sebastian, que teve 40h de música em quatro festas e um after.
Antes de subir no palco (onde chegou a ser derrubada por um fã) , Ivete recebeu a equipe do Me Salte no camarim. Ela falou sobre carreira, projetos e diversidade. Clique aqui e veja a entrevista em vídeo no IGTV do Me Salte. Acompanhe:
O que vem pela frente agora depois da gravação do DVD de 25 anos?
Não faço ideia. Da mesma maneira que eu não planejei muito com tanta antecedência essa ideia do DVD eu fico mesmo ao sabor do vento, das inspirações. Até porque por mais estratégia que se tenha numa carreira ela tem que ser a partir da inspiração. Pensar em projetos antes da inspiração vira só negócio. Eu entendo que o mercado exige mais eu acho que só vale a pena quando você tem algo que valha. O DVD ainda é muito recente. Chegou fisicamente nas lojas no dia do meu aniversário (27 de maio). Eu ainda tenho que levar a alegria do DVD para o Brasil inteiro antes de pensar em outro trabalho.
Mas os fãs são ansiosos e querem sempre mais novidades…
Eu sei. Como os fãs participam intensamente da minha vida e reconhecem sempre o meu trabalho e tudo que eu faço acaba sendo muito natural que eles fiquem ansiosos por mais coisas. Mas como eu sou muito inquieta então naturalmente vai acontecer de vir coisa nova logo.
Com 25 anos de carreira você já fez muita coisa. Qual o sonho que você tem na carreira de algo que você ainda não fez ainda?
Eu já vivi situações e experiências que não foram registradas em vídeo e em áudio com momentos muito especiais e muito marcantes. Já vivi situações de muita emoção dentro e fora do Brasil que não foram registradas e que estão só na minha memória. Isso e muito importante para mim. Tudo que eu vivi que não parecia um sonho acabou sendo para mim um sonho. É óbvio que o tempo vai passando, a carreira vai estabilizando e você vai ficando mais madura. Então, a minha ansiedade é cada vez menor. O desejo, a tranquilidade musical e a criatividade acabam se sobrepondo à essa ansiedade. Eu acho que tem muita coisa para viver e eu prefiro que seja algo inusitado e inesperado do que eu programar.
No seu último DVD você acabou gravando com amigos e cantores que você nunca havia gravado. Qual o feat dos seus sonhos?
Tem muita gente massa que eu gostaria de gravar. Elba Ramalho, por exemplo, é uma pessoa que eu tenho um desejo grande de gravar. Gal Costa também. Tem Steve Wonder. Todas essas pessoas eu já cantei junto, mas não tem registro. Eu acho que Steve seria um grande registro embora eu já tenha cantado com ele.
Essa semana foi uma semana muito importante para a comunidade LGBT, onde você tem muitos fãs em função da aprovação da criminalização da LGBTfobia pelo Supremo Tribunal Federal. Você, inclusive, comemorou nas suas redes sociais. Como artista com você acha que pode colaborar nesse sentido?
Acho que especialmente como indivíduo não necessariamente como artista porque eu poderia ser uma artista sem uma lucidez e uma compreensão de fato disso. Eu acho que como pessoa eu acredito no amor. Eu acho que independente da orientação sexual é um direito do ser humano ser feliz. É necessário ter essa lucidez e a percepção de que não há um futuro sem a felicidade. Se você colocar um grupo de pessoas infelizes isso vai causar um transtorno energético para o convívio de todos. Quando meu filho (Marcelo, 8 anos) me pergunta sobre pessoas que se relacionam com pessoas do mesmo sexo eu digo: ‘seu pai ama sua mãe. Você quer que alguém não permita que seu pai ame sua mãe?’. Eu digo que pessoas que se amam tem que viver aquela felicidade. É um direito de amar. Isso não atrapalha nem infringe nenhuma lei. Não entra na vida de ninguém. Eu acho que o amor e o respeito são condição no mundo hoje para que a gente tenha alguma esperança, um sopro de futuro.
Veja imagens do show feitas por Adilson Santos/Divulgação