Nos últimos dois meses o Me Salte recebeu pelo menos nove relatos de homens gays de Salvador que tiveram suas fotos usadas em aplicativos de pegação por um assaltante. De acordo com as informações que recebemos o homem marca encontros com outros homens gays e no local do encontro acaba acontecendo um assalto. Para piorar esse enredo as pessoas acabam sendo chantageadas e, em alguns casos, estão tendo suas fotos espalhadas pelas redes sociais afirmando que são ladrões – já que na maioria dos casos o homem usa capacete.
O mais recente caso aconteceu na última quarta-feira (14) na avenida Bonocô. Um estudante – que vamos chamar aqui de Alisson* , de 22 anos, – marcou com o o homem um encontro através do aplicativo Hornet. “Marcamos no shopping, mas meia hora antes da hora que marcamos, quando eu já estava no ponto na Bonocô, ele me ligou perguntando se eu estava perto. Daí disse que estava no ponto e ele disse que me pegaria lá. Ele chegou de moto (usava capacete), perguntou meu nome e quando eu confirmei que era eu ele me assaltou”, afirma o estudante que teve celular e a mochila com roupas roubada.
Dois dias depois Alisson recebeu mensagens de amigos, que também tinham conta no aplicativo, dizendo que tinha um perfil com um nome diferente do seu usando suas fotos. “Depois disso percebi que eu teclei com um fake pois as fotos que ele estavam usando não eram dele. Tive problemas no trabalho porque ele começou a usar minhas fotos no aplicativo para assaltar. Fui parar o WhatsApp dizendo que eu era um ladrão. Resultado: quase perdi o emprego”.
A descrição que as pessoas que ligaram par ao Me Salte varia na forma de atuação. Em outro caso, ocorrido em maio, também na Bonocô, o homem disse que morava no Condomínio Vale das Flores e trabalhava no Detran. “Ele marcou comigo no ponto de ônibus Av. Bonocô, próximo à Lê Biscuit. Quando chegou no local marcado – de moto – me pegou e levou para o condomínio. Quando chegou lá ele pediu meu telefone e disse que tinha esquecido a chave de casa. Quando ele pegou meu celular acabou me mostrando uma faca. Roubou meu celular, carteira (que tinha R$ 400) e minha mochila com livros. Ele me empurrou da moto e saiu fugido”, explica.
Uma outra pessoa que teve a foto usada nos aplicativos Grindr e WhatsApp chegou a criar um perfil de alerta nas duas redes sociais. “Ele começou a mandar fotos (minhas de rosto e pornográficas dele) para várias pessoas. Prestei queixa na delegacia hádois meses, e até o momento não foi encaminhado à Delegacia de Crimes Cibernéticos. Criei o perfil na busca por ajuda e alertar outras pessoas”, conta o jovem.
Dos nove casos que o Me Salte teve conhecimento seis aconteceram na avenida Bonocô e outros três na avenida Paralela. “Eu soube de casos na Bonocô e nunca imaginei que isso ia acontecer comigo. Eu estava falando com esse boy faz tempo no app e combinamos de ir no cinema. Como moro no Imbuí ele pediu para eu ficar no ponto do Extra da Paralela. Na hora combinada ele chegou no ponto, perguntou meu nome e roubou meu celular que eu tinha comprado há menos de 15 dias”, relatou o comerciário Jonas*, de 22 anos
O Me Salte tentou contato com as delegacias onde as vítimas fizeram as ocorrências mas até o momento da publicação dessa reportagem não houve êxito para saber das investigações. Aproveitando as situações vale a pena aquelas boas e velha dicas de segurança para as conversas em aplicativos e saídas :
* Nome fictício para manter a segurança das fontes a pedido delas