Os tiros que foram disparados na boate Pulse Orlando não foram deflagrados apenas pelo terrorismo. O gatilho apertado por Omar Saddiqui Mateen, de 29 anos, tinha motivação no preconceito e na LGBTFOBIA. Ele matou 49 pessoas e feriu outrxs milhões de pessoas em todo mundo que se solidarizam com a causa. O ataque de ontem é o pior, em número de mortos, já registrado na história contra homossexuais. Antes desse, o maior número de vítimas fatais havia sido registrado em 24 de junho de 1973 em Nova Orleans, também nos Estados Unidos, quando um incêndio criminoso matou 32 pessoas dentro de do Upstairs Lounge, um bar gay da cidade.
Mesmo assim diversos veículos de imprensa e autoridades têm associado o ataque apenas aos terrorismo sem fazer uma vinculação com os LGBTs. A intenção é clara: colocar a homofobia em segundo plano para fazer prevalecer as disputas da indústria bélica e do fundamentalismo religioso.
O atirador, que segundo seu pai havia se revoltado ao ver dois homens se beijando, tinha o objetivo claro de ferir gays. Esse ataque, além de ser contra os homossexuais ainda fere a comunidade latina americana. Afinal, metade das vítimas fatais eram de Porto Rico.
Ah, mas e o Estado Islâmico? Sim, de acordo com as investigações, até o momento, o atirador agiu inspirado pelo grupo terrorista. O grupo radical é totalmente contra os homossexuais e, em territórios dominados por eles, gays são lançados do alto de prédios – e se sobrevivem, são apedrejados. Ou seja, há terrorismo sim mas, nesse caso, com foco direto na população LGBT.
E não é só no exterior que tem havido discursos que tentam separar o ataque que aconteceu dentro de uma boate gay e que teve quase a totalidade das suas vítimas homossexuais mortas como algo LGBTFÓBICO. O deputado federal Marco Feliciano (PSC/SP) fez uma série de declarações polêmicas em seu perfil do Twitter. Na rede social, ele disse achar “triste a tentativa de grupos LGBT de usar esta tragédia para se promover, como se a razão deste ataque fosse apenas homofobia”. Não, deputado! Aquelas pessoas foram mortas por serem LGBTs e não foi só homofobia. Foi homofobia e terrorismo juntos. Dizer isso não é ‘mimimi’ ou aproveitamento da militância. É uma forma de marcar a identidade desse ato em respeito à s suas vítimas para que outros não aconteçam.
 O ato que aconteceu nos EUA reflete a situação de vulnerabilidade que as pessoas LGBT sofrem diariamente em diversos cantos do mundo. A internacionalização desse ataque deixa claro que todos os LGBTs também morreram um pouco junto com aqueles que estavam na boate. Aqui no Brasil, por exemplo, só esse ano 126 LGBTs foram vítimas de morte violenta. Desses 16 foram na Bahia. Temos, infelizmente, os nossos terrores domésticos contra a nossa comunidade que precisam ser combatidos com EDUCAÇÃO, AMOR e RESPEITO.Â