A travesti Sheila Santos, 36 anos, foi morta na madrugada de ontem na Gamboa de Baixo, em Salvador, com um tiro na cabeça, enquanto usava a crak, de acordo com investigações do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP). Sheila, que era usuária de crack, foi baleada na cabeça e morreu no local. O atirador estava num carro branco, que passou pelo local levando três homens. Um deles desceu, atirou contra um grupo de quatro pessoas e fugiu.
Os disparos atingiram mais duas pessoas: Osvaldo de Jesus Tavares, 55, morador de Pero Vaz, foi baleado no pescoço e ombro, e Rosemar Linhares Cardoso, 38, que reside no Garcia, nas nádegas. Os dois foram socorridos ao Hospital Geral do Estado, onde permanecem internados. No momento do ataque, o irmão de Sheila, Flávio Henrique Santos de Souza, 30, também usuário de crack, estava no local.
O caso é investigado pelo Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP). Segundo moradores da região, os disparos foram efetuados por um ex-morador da Gamboa, identificado como Geovane. Ele jurou vingança após ter sido expulso do local, há cerca de seis meses, por traficantes rivais.
Sheila usava crack há dez anos. Ela começou com maconha. Para o crack foi um pulo. A gente falava tanto, mas a pedra venceu ela, disse Cíntia. Ela não queria saber de internamento, disse Cíntia Suzana Santos de Souza, irmã da vítima em entrevista ao CORREIO.
Sheila trabalhava como empregada doméstica em Tancredo Neves. Era uma pessoa do bem, o único defeito dela era que usava crack, declarou a educadora e amiga da família, Alana Carvalho, 34.
Presidente do Grupo Gay da Bahia (GGB), Marcelo Cerqueira acredita que o crime foi motivado por transfobia: Ela não era ladra, tinha relações com a comunidade. Foi motivo fútil, transfobia. Não foi coisa do ˜movimento™. Foi maldade com pobre, preto, morador de rua e trans.
Com a morte de Sheila sobe para 19 o número de crimes contra LGBTs na Bahia, este ano. O corpo de Sheila é velado desde ontem no Cemitério do Campo Santo. Ela será enterrada hoje à tarde.
*Com informações do repórter Bruno Wendel/CORREIO