Por Petra Perón*
Perdemos mais uma grande chance de mostrar ao mundo a potencialidade do Brasil nos concursos de misses, sejam estes Cis, Trans ou Gay!
Nossa miss Brasil, Monalysa Alcântara, negra, nordestina, e com “carinha de empregada”, ficou entre as 10 semifinalistas, um dos melhores desempenhos de nossas candidatas nos últimos anos.
Mas acredito que ela poderia ter ido mais além. Apesar de linda, carismática, humilde e muito elegante chegou no concurso com uma produção muito aquém da capacidade material e criativa de nossos profissionais e ateliês. Basta olhar para os diversos concursos estaduais e nacionais de Misses Brasil Gay e veremos esta discrepância.
A Be Emotion , detentora dos direitos do Miss Brasil, tem levado para o ralo uma das principais referências e vitrine no debate de estética de nosso país. E isto se agrava, quando este fiasco estrutural ocorre no momento ímpar da história do Miss Brasil, pois emplacamos, seguidamente, 2 misses negras (maravilhosas!) num contexto total de somente 3 misses negras.
Precisamos rever esta estrutura de organização de nossos concursos, afim de garantir maior representatividade e competitividade (são 50 anos sem uma vitória). Precisamos, principalmente, acompanhar o movimento mundial dos concursos de misses Cis: trazer para o centro do debate o empoderamento das mulheres, suas lutas por mais direitos e o combate ao machismo.
Monalysa Alcantara, amada, acompanhamos sua linda trajetória e acredito que você deu o seu melhor. Você, como Raissa Santana , é uma miss que será lembrada para sempre por tudo o que você representa. Continue sua trajetória e seu lindo reinado na luta pela promoção e defesa da mulheres no Brasil, sobretudo negras e nordestinas.
Escureça o debate!
Bate, Mona! \o
Besos
*Petra Perón é Miss Bahia Gay 2017 e Miss Brasil Gay Versão Bahia 2017
