A servidora pública Amanda*, 23 anos, e a estudante Vanessa*, 22 anos, namoram há dois anos e meio. O dia 7 de janeiro de 2019, contudo, ficará marcado como um momento tenso no relacionamento das duas. Elas foram alvo de lesbofobia por um motorista do aplicativo de carros da empresa 99 por volta das 13h quando saíam do Shopping Barra para o bairro do Dois de Julho.
Ao entrarem no carro, Vanessa fez menção a colocar a cabeça no colo da namorada. Nesse momento, o motorista do carro por aplicativo recriminou as jovens.
“Quando ela se encostou em mim ele perguntou qual era o problema. Aí ela olhou para a cara dele e falou que nós estávamos conversando. Aí ela pediu para deitar no meu colo. Quando ela foi deitar ele encostou o carro e falou ‘se comportem’ porque isso é um comportamento inadequado”, relata Amanda* que registrou o caso na 14ª Delegacia (Barra) e também no Centro Municipal de Referência LGBT de Salvador nesta segunda-feira (7).
Depois de ser interpelada a primeira vez pelo motorista identificado no aplicativo como Alencar Ferreira Minho Junior (que dirigia um Renault Duster de placa OZL 7415), Amanda* questionou. “Moço, eu não estou entendendo. Aí ele falou ‘ou vocês se comportam ou então.. Aí ficou olhando pra minha cara pelo retrovisor fazendo uma cara fechada de mal. Ele arrastou o carro e continuou a falar que nós estávamos tendo um comportamento inadequado”, explicou Amanda*.
Não estávamos fazendo nada. Ela só foi deitar a cabeça no meu colo. Ele parou o carro na entrada do Calabar e nos deixou no ponto de ônibus. Ele ainda falou ‘já que vocês não vão se comportar desçam do carro’. Tivemos que descer e ele ainda cobrou a corrida (que havia sido pedida por cartão de crédito) – argumenta Amanda*
O casal explica que também registrou a denúncia no próprio aplicativo. “Foi a primeira vez que aconteceu isso comigo e com ela. Estamos juntas há dois anos e meio juntas e isso nunca aconteceu conosco. Eu não entendi o motivo dele ter feito isso. Fiquei super constrangida. Sai do carro de cabeça baixa sem reação. Eu fiquei muito constrangida”, conta Amanda*.
Em contato com o Me Salte, o app afirmou que o perfil do condutor foi bloqueado do serviço. Confira abaixo, na íntegra a nota da empresa:
A 99 informa que recebeu de uma passageira a denúncia envolvendo um motorista da plataforma. De acordo com ela, o caso ocorreu na tarde de segunda-feira, dia 7 de janeiro, em Salvador (BA).
O perfil do condutor foi bloqueado do aplicativo.
A 99 se solidariza com a vítima e está em contato com ela para prestar todo o apoio que for necessário. A empresa também se encontra aberta a colaborar com a polícia.
A 99 repudia esse e quaisquer outras ocorrências de violência e está trabalhando 24 horas por dia, 7 dias por semana, para colaborar com a segurança dos usuários.
O Me Salte tentou contato com o motorista mas até o fechamento da matéria não obteve êxito.
*nomes fictícios mudados a pedido das vítimas