Por Laura Fernandes, do CORREIO

“Chorei muito, porque me senti ultrajada”, contou, ao CORREIO, a engenheira civil e empresária Gabriella Garrido, 30 anos, sobre a abordagem homofóbica que relatou ter vivido no restaurante Barravento com a namorada, a professora de educação física Mayana Mendes, 30, nesta sexta-feira (16).

Nas redes sociais, Gabriella narrou como o funcionário que se identificou como gerente do estabelecimento pediu para que ela e a namorada “contivessem os ânimos e o contato físico” naquele que era “um ambiente familiar”. Depois do desabafo, a engenheira contou à reportagem que nunca tinha vivido nada do tipo e que demorou de entender o que estava acontecendo.

“Cheguei no restaurante em torno das 16h, demorou quase 2h até que ele fizesse essa abordagem. Na hora do pôr do sol, eu e minha namorada sentamos na cadeira lado a lado. Tiramos algumas fotos juntas, em determinado momento acariciei o rosto dela, dei um beijo no rosto e ela me retornou com um pitoque. Foi só isso”, contou Gabriella, ao CORREIO.

Neste momento, um funcionário que se identificou como Aurélio se aproximou das duas e solicitou que não se comportassem daquela forma. “Ele pediu que a gente ‘contivesse nossos ânimos’. Demorei para entender o que estava acontecendo. Então, tirei os óculos e disse: ‘Não entendi. Qual é o problema, exatamente?’. Aí ele disse que aquele era um ambiente familiar e que não era permitido ‘esse tipo de contato’”, relatou Gabriella.

Cliente assídua do restaurante, onde passou o Réveillon dos anos 2000, 2001 e 2002 e chegou a frequentar semanalmente com a família, Gabriella disse que sabia que aquele era um ambiente familiar. “Meu avô é morador da Barra, cresci aqui com minha família. O senhor está entendendo que o que está acontecendo pode ser considerado um ato homofóbico? Por favor, quero falar com seu superior”, solicitou a engenheira.

Foi quando o funcionário que se identificou como gerente disse que “respondia pelas regras da casa” e que ali não era permitido tal contato. “Depois ele simplesmente saiu. Chorei muito”, desabafou Gabriella. Mesmo abalada, a engenheira esperou cerca de uma hora no restaurante e chamou a polícia.

Segundo ela, na hora que os policiais chegaram, o gerente negou tudo. “Liguei para o Disque 100, liguei para advogados. A polícia compareceu ao local, fiz o boletim, mas ele negou tudo na frente dos policiais. Disse que eu estava fazendo ‘um show’. Depois disso, começou a fazer deboche da gente na cozinha”, contou.

Mayana e Gabriella em foto feita dentro do restaurante Barravento, na sexta-feira (15) (Foto: Acervo pessoal)

Nas redes sociais, Gabriella narrou como o funcionário que se identificou como gerente do estabelecimento pediu para que ela e a namorada “contivessem os ânimos e o contato físico” naquele que era “um ambiente familiar”. Depois do desabafo, a engenheira contou à reportagem que nunca tinha vivido nada do tipo e que demorou de entender o que estava acontecendo.

“Cheguei no restaurante em torno das 16h, demorou quase 2h até que ele fizesse essa abordagem. Na hora do pôr do sol, eu e minha namorada sentamos na cadeira lado a lado. Tiramos algumas fotos juntas, em determinado momento acariciei o rosto dela, dei um beijo no rosto e ela me retornou com um pitoque. Foi só isso”, contou Gabriella, ao CORREIO.

Neste momento, um funcionário que se identificou como Aurélio se aproximou das duas e solicitou que não se comportassem daquela forma. “Ele pediu que a gente ‘contivesse nossos ânimos’. Demorei para entender o que estava acontecendo. Então, tirei os óculos e disse: ‘Não entendi. Qual é o problema, exatamente?’. Aí ele disse que aquele era um ambiente familiar e que não era permitido ‘esse tipo de contato’”, relatou Gabriella.

Cliente assídua do restaurante, onde passou o Réveillon dos anos 2000, 2001 e 2002 e chegou a frequentar semanalmente com a família, Gabriella disse que sabia que aquele era um ambiente familiar. “Meu avô é morador da Barra, cresci aqui com minha família. O senhor está entendendo que o que está acontecendo pode ser considerado um ato homofóbico? Por favor, quero falar com seu superior”, solicitou a engenheira.

Foi quando o funcionário que se identificou como gerente disse que “respondia pelas regras da casa” e que ali não era permitido tal contato. “Depois ele simplesmente saiu. Chorei muito”, desabafou Gabriella. Mesmo abalada, a engenheira esperou cerca de uma hora no restaurante e chamou a polícia.

Segundo ela, na hora que os policiais chegaram, o gerente negou tudo. “Liguei para o Disque 100, liguei para advogados. A polícia compareceu ao local, fiz o boletim, mas ele negou tudo na frente dos policiais. Disse que eu estava fazendo ‘um show’. Depois disso, começou a fazer deboche da gente na cozinha”, contou.

Sentada na mesa ao lado com o marido e um casal de amigos, a pedagoga Jaíra Gonçalves, 37, disse que viu tudo. “Elas não fizeram nada demais. Deram um beijo, um selinho, como eu dou no meu marido, e nesse momento chegou o gerente e eu ouvi ele falando que não era permitida aquela ação”, contou.

Diante da confusão, Jaíra chamou um garçom para entender o que estava acontecendo exatamente e questionou a ele se, caso ela e o marido dessem o mesmo selinho, seriam igualmente impedidos. “Ele disse que não e tentou defender o gerente, então pedi que não falasse mais nada e pedi a conta. Fui até as meninas, dei um abraço nelas e me coloquei à disposição para testemunhar”, disse a pedagoga.

“Eles foram muito homofóbicos e, pelo que entendi, os funcionários partilham dessa mesma ideia de que um casal que não seja hetero não pode trocar carinho. Foi horrível. Eu e meu marido não pisamos mais os pés naquele lugar”, afirmou Jaíra. “Não cabe mais, em pleno século XXI, a gente ter que lidar com aquele tipo de situação. Foi constrangedor demais ver aquelas meninas sofridas daquele jeito. Tô aqui para ajudar elas e pra ajudar esse mundo doido”, disse.

‘Interpretação equivocada’
Gabriella contou, ainda, que em 30 anos nunca precisou “sair do armário”, porque nunca “entrou nele”. “Tenho 30 anos, sou assumida há mais de dez anos, meus familiares sabem e aceitam. Sempre fui muito bem aceita nos ambientes pessoais e profissionais, nunca precisei me esconder. De repente, no meu ambiente, no meu restaurante onde me sinto confortável, onde os garçons me conhecem e onde sempre fui bem tratada, isso acontece. Doeu muito. Nunca tinha passado por isso”, lamentou.

Gabriella contou que esperou tanto tempo no restaurante porque buscava um pedido de desculpas. Nas redes sociais, o estabelecimento disse, em nota, que “repudia todo e qualquer ato de intolerância a gênero, cor, sexualidade, entre outras que violam o direito humano à liberdade de escolha” e que realizou, há 30 dias, uma cerimônia de casamento “de um casal LGBTs”.

“O suposto ato de homofobia vinculado a mídia e redes sociais, nas últimas 24 horas, não passou de uma interpretação equivocada da consumidora, uma vez que o Restaurante Barravento possui um público diversificado e reafirma sua crença e seu compromisso com a diversidade, certo que no amor não há espaço para preconceito”.

Ao CORREIO, Gabriella disse que não entendeu a nota como um pedido de desculpas e que ficou triste com a resposta. “Aguardei uma hora no restaurante, deixei meu contato e eles não falaram comigo. Claro que pode ter sido o ato de uma única pessoa, mas isso não precisa representar o estabelecimento. Com a resposta deles, ficou claro que o gerente representava o pensamento do restaurante”, disse.

O CORREIO entrou em contato com o restaurante e uma funcionária disse que “a orientação recebida é que não tem mais nada a esclarecer além do que já foi postado nas redes sociais”. A nota de esclarecimento, porém, foi apagada da página oficial do restaurante. Veja o print feito pelo CORREIO:

Uma nova nota de esclarecimento foi divulgada pelo restaurante, no final deste sábado (16). “O Restaurante Barravento lamenta o transtorno que por ventura tenha causado a seus clientes. O estabelecimento repudia qualquer ato discriminatório, seja ele homofóbico, racista, de gênero ou social. Acredita e prega o livre respeito a todxs. Por isso, pede desculpas a quem tenha se sentido ofendido. O Restaurante Barravento informa ainda que em sentimento e respeito aos seus clientes, toda a sua equipe de atendimento passará pelo Programa de Combate à lgbtfobia institucional Municipal de Salvador”.

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