Por Naiana Ribeiro
Como se não bastassem as incertezas pessoais e os julgamentos da sociedade, muitas pessoas LGBTs também sofrem com o preconceito na própria casa. A não aceitação pela família pode ainda culminar na expulsão do lar. Pensando nisso, um grupo de estudantes da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), entre 19 e 22 anos, criou o Mona Migs “ um site que pretende fazer a ponte entre pessoas LGBT expulsas de casa e pessoas que queiram abrir as portas do seu lar para acolher quem precisa.
Infelizmente existe uma quantidade significativa de pessoas que têm receio de serem expulsas de casa depois de se assumirem para a família. Através da nossa pesquisa, que abrangeu 574 pessoas, cerca de 75% dos entrevistados admitiram ter esse medo. A partir disso e de situações que aconteceram com membros da nossa equipe – que já se disponibilizaram a ajudar amigos que foram expulsos de casa pela família – criamos este projeto, conta um dos desenvolvedores da plataforma, Wallace Soares, em entrevista ao Me Salte.
E desenvolvimento e ainda sem previsão de lançamento, o Mona Migs foi idealizado em uma competição “ a Startup Weekend – realizada na UFPE entre os dias 29 de abri e 1 de maio. Tivemos 54h para conceber uma ideia e validar ela. Foi com a pesquisa que conseguimos ver que uma quantidade significativa de pessoas gostaria ajudar quem passa por esse tipo de situação – 55% dos entrevistados. Então pensamos: ˜Por que não criar uma plataforma que una esses dois grupos: os que tiveram que sair de casa, sem apoio da família, com aqueles estariam dispostos a acolher essas pessoas, mesmo que por um período de tempo?™, revela Soares.
De acordo com o desenvolvedor, outro dado significativo da pesquisa é que 97% das pessoas não sabiam que existia um centro de apoio a esses casos na sua cidade. Estamos nos propondo conectar as pessoas que querem ajudar com as que precisam de ajuda e, além disso, dar suporte a elas orientando onde podem buscar uma ajuda efetiva para sua situação, completa.
Apesar de estarem em busca de investidores que ajudem na implantação da ferramenta, os idealizadores do Mona Migs já estão realizando um pré-cadastro daquelas pessoas que estão dispostas a receber alguém em suas casas por um período de tempo. Também por meio do site e da página do Facebook, eles recebem mensagens com depoimentos de pessoas que passaram por experiências de homofobia.
Trechos de depoimentos postados na fanpage do aplicativo (Foto: Reprodução)
A equipe já tem reunião marcada com representantes de Ministério Público de Pernambuco para providenciar as condições legais para os futuros acolhimentos promovidos pelo projeto. Com a rede de pessoas que nós estamos propondo, acreditamos que muitas pessoas poderão ser ajudadas. O feedback que estamos tendo da comunidade está sendo incrível, acrescenta Soares.