Depois de ser atacada na Internet por não aderir ao movimento contra o candidato à Presidência da República Jair Bolsonaro, a cantora Anitta usou as redes sociais para se defender. “Eu não queria sofrer ainda mais com tanto ódio e ataques. Vivemos tempos difíceis e é esse o meu desejo”, diz um trecho da carta publicada em seu Instagram.
A artista recém-indicada ao Grammy Latino disse, ainda, que é “contra a violência, contra a discriminação de qualquer espécie”. “Sou contra o ódio e a intolerância. Sou a favor da igualdade de gênero, contra a homofobia e o racismo. Defendo a liberdade do outro de decidir o que fazer com seu corpo. Através da minha arte tento contribuir com o que posso para vivermos num mundo melhor e mais igualitário”, continuou.
Além de defender que sua história não será apagada por que decidiu não se envolver com política, a artista lembrou que nasceu pobre e “com muito esforço” trilhou seu caminho”. “Sofri por ser funkeira, favelada e ainda sofro por ser mulher”, desabafou. Em seguida, ao ressaltar que não aguenta mais “sofrer com tanto ódio”, pediu: “respeitem o próximo e suas decisões”.
Mesmo defendida por Flávio Bolsonaro, filho do candidato, nesta quarta-feira (19), que afirmou que “há uma perseguição covarde a artistas que se posicionam publicamente a favor de Bolsonaro”, Anitta foi criticada pelos seguidores, sendo muitos deles fãs declarados. “A vida LGBT no Brasil não está fácil e você sabe, porque convive com a gente. Não precisamos que você declare seu voto. Esperamos é que artistas que exaltamos se posicionem sobre o candidato que, ao propagar ideias de ‘defesa da família’, está montando um exército de ódio contra nós LGBT e outras minorias”, justificou um seguidor.
Ao lamentar o momento “desagragador” e declarar que tem orgulho de fazer parte da história da cantora, o fã continou dizendo que é “por isso que pedimos ajuda”. “Não deixe que nos fuzilem nesse campo de concentração ideológico que está sendo instalado em nosso país diante dos seus olhos e de tantas artistas maravilhosas que exaltamos”, pediu.
Um pouco menos cordial, outra seguidora criticou quem “faz vídeo pedindo mais amor e menos ódio, mas não se posiciona contra quem só prega ódio principalmente contra o público que diz apoiar e amar”. “Ninguém aqui tá pedindo pra dizer seu voto e sim querendo que você pare de bancar a planta nos assuntos que te convém. Afinal, na hora de ir na parada gay, usar a bandeira, a senhora apoia a causa. (…) Mas na hora de se posicionar contra aquele que prega a inferioridade e ódio, mais uma vez banca a egípica”, completou.
Com o mesmo posicionamento dos demais, outro internauta disse que “dizer #EleNão, a não ser que você vote nesse cara, não é revelar o voto”. “São 13 candidatos concorrendo. Em tempos como o nosso, omitir-se é calar-se diante da violência do opressor”. Outra fã concordou: “o seu silêncio é combustível pra quem nos oprime”. Mas, apesar das críticas, Anitta foi defendida por muitos seguidores: “Deixem a @anitta em paz!! Tenham respeito pela posição dela, ainda que seja diferente da sua!”.
Confira o depoimento de Anitta na íntegra:
“Essa sou eu. Eu sou contra a violência, contra a discriminação de qualquer espécie. Sou contra o ódio e a intolerância. Sou a favor da igualdade de gênero, contra a homofobia e o racismo. Defendo a liberdade do outro de decidir o que fazer com seu corpo. Através da minha arte tento contribuir com o que posso para vivermos num mundo melhor e mais igualitário. Anos de trabalho na minha carreira de cantora em que apoiei de diversas maneiras as idéias que acredito não vão ser apagados por não querer me envolver com política, pelo menos não para mim. Eu sou brasileira e quero que nosso país melhore assim como cada um de vocês. Eu nasci pobre e com muito esforço tenho conquistado meu caminho. Sofri por ser funkeira, favelada e ainda sofro por ser mulher. Eu não queria sofrer ainda mais com tanto ódio e ataques. Vivemos tempos difíceis e é esse o meu desejo. Qualquer coisa diferente do que citei acima não tem meu apoio, obviamente. Respeitem o próximo e suas decisões. Isso sim vai ajudar a sermos uma sociedade tolerante. Nós somos esse país”.
O que você achou da situação? O que acha da posição de Anitta?