Gloria Groove fala sobre novo disco, parceria com Léo Santana e carnaval 2019

Por Kelven Figueiredo (kelven.figueiredo)*

A drag queen que ganhou destaque no carnaval do ano passado com o lançamento do hit Bumbum de Ouro ainda não parou e tudo indica que o ritmo deverá será mantido em 2019. Desde então ela emplacou a baladinha com influências R&B Apaga a Luz, a dançante Arrasta, em parceria com Léo Santana; e o funk Provocar, com a cantora Lexa. Em seu mais recente lançamento, Glória aposta no ritmo dos 150 bpm, pela primeira vez, para falar das coisas que acredita. Coisa Boa é pura sororidade e pode ser o primeiro passo da drag para o sucessor de O Proceder (2017).

No clipe, Gloria aposta em um visual marcante e cheio de referências. Gravado em um presídio desativado em São Paulo, a produção com roteiro e direção de Felipe Sassi faz referência às séries La Casa de Papel e Orange Is The New Black. O vídeo que tem uma vibe meio Telephone, possui o mesmo clima de irmandade protagonizado por Lady Gaga e Beyoncé em 2010. Mas o bonde de Gloria é pesadão ‘tipo IZA’ e conta ainda com Lia Clark, Wanessa e a própria IZA que é referenciada no clipe algumas vezes por meio de posteres na parede dos presídios. Com looks impecáveis, o clipe mostra como a drag foge da prisão e liberta suas amigas em uma rebelião.

Assista:

Em entrevista ao CORREIO/ Me Salte, Gloria revelou alguns de seus planos para 2019 e para o Carnaval 2019, confira:

Você acabou de lançar Coisa Boa, o que essa canção representa pra você? Como foi esse processo de criação para você? É a sua aposta para o Carnaval?

Pode se dizer que sim. Para mim, coisa boa é um pedaço da história sendo contada. Porque eu acredito que existe um lugar onde o nosso fervo e a nossa luta se encontram. E eu acredito que Coisa Boa é um desses lugares com certeza. Embora seja sim uma aposta pro carnaval, eu encaro como algo muito maior que isso.

Você lançou uma série de parcerias e singles, ultimamente. Esse material faz parte de um álbum? O que você já pode contar para a gente?

Coisa boa, acho que sim. Os outros materiais eu ainda estou avaliando se os singles estarão no meu novo material de inéditas. Como tudo que eu faço, certamente eu vou fazer uma pesquisa entre os fãs para saber se eles gostariam que os singles estivessem juntos nesse projeto. Eu tô muito feliz encarando-os apenas com os singles, não teria problema nenhum em lançar um trabalho só de inéditas. Mas é algo que precisa ser analisado ainda.

E você já está trabalhando em um novo disco?

Sim, já estou! Tem muita coisa feita e o lançamento pode estar mais próximo do que a gente imagina. Não vou dar mais spoilers do que isso, mas é um projeto já em andamento e sai ainda em 2019.

Você tá quase sempre por aqui, Como é sua relação com a Bahia? Tem algum show previsto por aqui?

Acabei de voltar!! Eu amo muito esse lugar. […] No Carnaval eu espero já estar de volta. Ainda não é confirmado ainda, mas já existe uma possibilidade de eu estar de volta no Carnaval. E eu não vejo a hora, Salvador é um lugar que eu considero como uma de minhas casas.

Você esteve no trio da Pabllo Vittar no Carnaval do ano passado, como foi essa experiência?

Foi sensacional. Essa era uma das coisas que eu achei que aconteceria comigo, mas não achei que seria tão rápido. Eu sabia que bumbum de ouro seria grande, mas não sabia que poderia me levar até lugares como esse e eu não esqueço esse dia, porque a primeira vez em cima de um trio, fazendo o circuito barra-ondina é uma coisa que fica pro resto da vida na sua memória. Eu tô doida para passar por isso de novo, de novo e de novo, evoluindo cada vez mais.

Você já fez muitas parcerias, mas tem alguma que você sempre quis e ainda não rolou? Qual?
Com certeza, inclusive dentro do meu ciclo de amizades. Eu queria muito trabalhar com Liniker, Flora Matos, Rico Dalasam, Karol Conká, Baco. Fora os internacionais, é meu sonho muito em trabalhar com o Nicki Minaj, Drake, Rihanna, Beyoncé. Eu gosto de sonhar alto, porque se não for pra sonhar alto eu nem quero.

Como surgiu a parceria com Léo Santana?
Poxa o Léo é um cara tão maravilhoso! Olha o que aconteceu. Quando eu tinha Arrasta na mão pra mostrar pra ele, eu conversei com o meu pessoal e todo mundo falou: ‘Gloria, tem que ser Léo Santana essa música é a cara dele’. E eu morta de vergonha porque Bumbum de ouro tinha acabado de acontecer né? Tinha um certo burburinho em torno disso, mas eu tava super insegura de fazer essa linha com um artista tão consagrado como o Léo. Aí eu tomei coragem, fui até ele na DM do instagram. Mandei pra ele a música, expliquei quem eu era e mandei na cara e na coragem. Ele me respondeu e me  surpreendeu sendo um cara de muito bom coração.

Quando ele falou comigo ele já sabia quem eu era por causa de Lore que tinha mostrado pra ele já. E ele topou na hora, pediu para mandar por e-mail, ouviu a música e amou. Na semana seguinte eu tava na Bahia para gravar a voz dele na música […] eu fico tão feliz de ver que um artista consagrado como ele serve de exemplo, e foi algo que ele mesmo disse na época ‘eu espero que eu esteja servindo de exemplo para amigos meus e colegas de profissão que jamais trabalhariam com um artista da cena LGBT’. E é verdade mesmo, né? Um artista como o Léo trabalhando um uma artista LGBT acaba quebrando vários tabus.

Quais são seus planos para o carnaval?

Dia 3 de março, pela primeira vez o meu bloco vai sair no Carnaval de São Paulo. A primeira edição do Bloco das Gloriosas é a realização de um sonho pessoal e eu tô muito feliz com isso.

Será que o bloco das gloriosas chega em Salvador?
É isso que a gente tá tentando fazer, eu juro! Vamo ver se vai rolar, estou trabalhando para que isso aconteça porque eu acho que merece também.

*com supervisão do chefe de reportagem e editor Jorge Gauthier