Por Nilson Marinho*

Em um palco montado em frente ao Palácio da Aclamação, na Praça Municipal, dentro do Circuito Batatinha, 14 participantes desfilavam esbanjando muito luxo e criatividade. Luxo porque os que pisaram lá gastaram até R$50 mil reais numa fantasia. Criatividade porque com bem menos que isso, outros precisaram convencer aos jurados de que tiveram a melhor ideia para a construção da indumentária.

A 22º Concurso de Fantasia LGBT do Carnaval de Salvador reuniu candidatos de Salvador e outros estados para concorrer em duas categorias. A de luxo com a premiação de R$8 mil para o primeiro colocado e R$4 mil para quem foi o favorito no quesito originalidade.

 A pernambucana Sandra Farias, 41 anos, carregou na passarela 120 quilos de pedras, lantejoulas e penas de faisão real. Foram preciso oito meses e oito pessoas para construir a fantasia que mede cinco metros de altura e seis de largura. Ela levou o primeiro lugar na categoria luxo pela sexta vez homenageando a Nossa Senhora do Monte Carmelo.

Para trazer todo o material, ela precisou desmontá-lo em várias partes e embarcar em uma viagem de ônibus e outra de avião – uma imagem do Divino Espírito Santo foi roubada na hora do embarque na rodoviária de Recife. Ao todo, ela gastou R$50 mil. “Não estou representando ela [santa], estou fazendo uma homenagem. O propósito é o amor ao Carnaval, poucos fazem porque não tem recurso para investir. Para a confecção da fantasia, tive que investir o dinheiro de outra.

“A premiação é uma forma de incentivo à produção cultural e artística individual,”, disse o presidente do GGB, Marcelo Cerqueira. Para ele, o evento tem melhorado a cada ano. “É uma honra ter esse apoio do poder publico que tem sido sensível a esse tipo de arte. A Prefeitura é nossa maior parceira. A cada edição temos um evento melhor do que outro. A diversidade é a marca do nosso Carnaval e a Prefeitura está cada vez mais atenta a isso”, disse.

Critérios – O critério de eleição das melhores fantasias foi por julgamento. Os itens levados em consideração foram beleza, elegância, simpatia, desenvoltura na passarela, pedraria, penas, postura e o valor gasto pelo candidato na produção da roupa, especialmente na categoria luxo, a mais esperada do evento. “Tanto na categoria ‘luxo’ quanto ‘originalidade’, é importante avaliar o grau de dificuldade para a realização da roupa”, afirmou Cerqueira.

Na categoria “originalidade”, que teve como vencedor ontem (04) Severino Queiroga da Silva, com uma fantasia ecológica com tampinhas de garrafa e réplica de tartaruga, o critério mais importante foi a semelhança com a ideia principal.

Entretanto, nessa categoria é proibida a utilização de materiais preciosos, pedrarias caras, penas raras, entre outros assessórios que possam dá conotação de luxo. De acordo com a produção, as apresentações que envolvam “protesto” e “irreverência”, pautadas em situações da atualidade, tiveram um olhar especial dos jurados.

*com supervisão do chefe de reportagem Jorge Gauthier

5 de março de 2019

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