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BI(EXISTE): se afirmar bissexual é um ato revolucionário

BI(EXISTE)! Neste 23 de setembro, Dia da Visibilidade Bissexual, declaro abertamente que sou bi. Nunca tive essa “necessidade” pois – na minha cabeça – poderia ficar/estar com quem quisesse e isso só dizia respeito a mim. Mas tenho estudado e lido muito sobre isso e, enquanto militante de causas relacionadas ao corpo e gênero, sempre defendi que a denominação de certas coisas e conceitos servem muito para demarcar espaço como forma de resistência.

Como estamos falando de espaço, tenho que destacar que as pessoas bissexuais são completamente inviabilizadas, inclusive no meio LGBTQ+. Isso tem muito a ver com a nossa sociedade machista, patriarcal e heteronormativa.

Explico: nasci e fui criada dentro dos padrões de feminilidade e passei minha infância e boa parte da minha adolescência tentando me encaixar nessa caixinha – tem que ser gentil, fina, usar roupa assim, não pode ser gorda, e por aí vai… Boa parte das coisas que fazia, inclusive, era para não ser “taxada” como lésbica – afinal, mulher gorda que usa calça de zíper folgada e blusão com certeza é lésbica, né? (E ser lésbica não pode). Tem que gostar de homem. Tem que namorar e ter um relacionamento fechado, depois casar, ter uma família… Se atrair por uma mulher? Jamais!

Mas a verdade é que nunca fui uma coisa só (não é à toa que criei a PLUS – revista que tem na sua essência a diversidade). Sempre me atrai por homens e por algumas mulheres também. Só não sabia que isso era possível. Outras sexualidades nunca foram me apresentadas como opção.

Foi quando comecei a me aceitar e entender enquanto gorda… Mais ou menos a mesma fase, estudei muito sobre gênero e sexualidade. Também foi quando passei a entender melhor a minha sexualidade.

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Já me entendo enquanto bisexual – e possivelmente enquanto pansexual, porque sinto atração por pessoas, independente de sexo ou identidade de gênero – há algum tempo, mas não me apropriava dessa causa. Hoje vejo o quão necessário falar abertamente sobre isso – afinal, representatividade abre portas, promove discussões e amplia espaços.

Sou 0% hétero, 0% lésbica e 100% bissexual. E ser bi não me coloca “em cima do muro” e muito menos quer dizer que quero sair por aí pegando todo mundo (o que também não seria um problema rs). A questão é nos reduzir apenas a isso. Não dá para sofrer a invalidação constante de preferências, desejos e anseios.

Tenho tanta coisa para falar… Mas, por ora, a mensagem é essa: pessoas bissexuais existem e resistem. Vamos respeitar e falar mais sobre isso?! 🙏🏽👊🏽💜

*Naiana Ribeiro (@itsnaiana, no Insta) é jornalista, body positive e criou a primeira revista para mulheres gordas do país, a PLUS

Naiana Ribeiro
Naiana Ribeiro
A jornalista ama Beyoncé, música pop, e é editora da PLUS, a primeira revista para gordas do país. Segue no Insta: @itsnaiana

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