Fechativa, poderosa mas, acima de tudo, engajada, a comunidade formada por lésbicas, gays, bissexuais e transexuais encheu de cor e brilho o percurso que passou pela Avenida Sete de Setembro, até chegar ao Palácio da Aclamação. Ao debutar no domingo (11), a 15ª edição da Parada LGBT da Bahia levou para rua cerca de 900 mil pessoas ao Campo Grande, segundo os organizadores. Apesar de, visualmente, ter menos pessoas.

São 15 anos de luta, existem avanços mais a cabeça das pessoas ainda precisa mudar bastante, por isso a nossa luta é todos os dias, disse a transformista e mestre de Cerimônias do trio Porradão que abriu o desfile, a Bagageryer Spilberg. A cantora Márcia Castro abriu o desfile com o Hino Nacional: Precisamos celebrar a diversidade desse universo LGBT para conquistar ainda mais coisas.

Foto> Betto Jr

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A festa levantou a bandeira a favor do combate à   intolerância e a violência contra travestis e transexuais, como a que o jovem Marcos Vinicius de Jesus, de 24 anos, sofreu quando tinha apenas 12 anos. Meus colegas de escola cortaram meu cabelo, que estava na altura do ombro porque eu sou gay. Chorei muito. Foi horrível, poderia ter acontecido coisa pior, contou. Por isso, a gente faz questão de reivindicar respeito à   diversidade e os nossos direitos. Histórias como a Marcos não são uma exceção. São mais comuns do que se imagina.

O último relatório de Violência Homofóbica no Brasil divulgado pela Secretaria de Direitos Humanos do Governo Federal registrou que ao menos cinco casos deste tipo de agressão são registrados todos os dias no Brasil. Na distribuição de homicídios por estado, a Bahia ocupa o 4º lugar no ranking, com 8% dos casos perdendo apenas para São Paulo (8,8%), Pernambuco (8,4%) e Minas Gerais (8,4%). Dados do Grupo Gay da Bahia (GGB) apontam 326 mortes de gays, travestis e lésbicas no Brasil no ano passado, incluindo nove suicídios, o que significa uma morte a cada 27 horas. Só este ano, a entidade já contabiliza 215 homicídios documentados. Nós estamos trazendo este tema para chamar a atenção da população quanto a esta onda crescente de crimes. Ainda não há punição para a homofobia o que banaliza a violência. É a nossa bandeira de luta, afirmou o membro honorário e representante do GGB na Parada, Genilson Coutinho.

Diversidade
Além do Palco Arena da Diversidade Divertida que contou com a apresentação de shows transformistas e atrações musicais, mais oito trios participaram da Parada LGBT. Madrinha da deste ano, a secretária municipal de Ordem Pública, Rosemma Maluf também falou sobre a importância de combater a homofobia. A minha missão é combater qualquer tipo de violência, por isso vamos trabalhar para efetivar um plano LGBT de políticas públicas. Rosemma foi escolhida por meio do voto popular em uma enquete realizada pelo Me Salte, o canal LGBT do CORREIO, através de nomes que foram indicados pelo GGB, que organiza a parada. O padrinho da Parada foi o apresentador Alex Lopes. Vamos transformar com mais amor e menos preconceito. Essa é a mensagem que eu vim passar, completou a rainha.

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Puxado pela transformista, Rainha Loulou, o Coletivo Mães pela Diversidade colocou o trio GuerreirXs na rua para mostrar a população o quanto é difícil resistir e sobreviver com tanto preconceito. Queremos que as pessoas olhem pra gente e vejam esses guerreiros e guerreiras e existem e são nossos filhos. O maior índice de assassinatos são de pessoas trans, reforçou a coordenadora do coletivo formado por pais e mães de lésbicas, gays, bissexuais, travestis e transexuais, Inês Silva.

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Mais respeito
Para o deputado federal Jean Wyllys (Psol), ainda que as paradas LGBTs tenham crescido muito em outras cidades do país, se tornaram eventos de massa e até com apelos turísticos elas ainda assim, continuam cumprindo o papel de reivindicar o orgulho LGBT. Essa é a maior importância do evento em si, sobretudo em Salvador que é uma das capitais campeãs em violência, destacou, ao acompanhar o trajeto no trio das GuerreirXs, que teve ainda a presença do pai do jornalista goiano Lucas Fortuna, Avelino Fortuna. Lucas foi vítima da homofobia quando foi assassinado em 2012. É de suma importância estar aqui para que não aconteça mais o que aconteceu com o meu filho, que foi assassinado por ser gay. Eu tento demostrar, principalmente para os pais que tem uma maior dificuldade de aceitação que ter um filho LGBT não é triste. Se soubermos como conduzir, pode ser a maior alegria do mundo, disse.

Foto> Betto Jr

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Transexual, o jornalista Téo Meirelles, de 25 anos, sonha com mais igualdade onde todos os direitos sejam respeitados. Me descobri quando entendi o que era ser trans. Para mim é determinante, a construção de uma sociedade mais igualitária e com equidade. Vontade compartilhada pelo também transexual, Diego Nascimento, de 16 anos. Desde muito novo, me compreendo como menino. Passei a infância e o inicio da adolescência me sentindo excluído. É fundamental ter esse espaço.

Sem alegria
Considerado o terceiro maior evento do gênero no Brasil, a parada, segundo informou o governo do estado,  contou com um esquema de segurança composto por 538 policiais distribuídos no percurso. Eles não foram suficientes para conter a grande quantidade de ladrões que a todo momento abordavam as pessoas, principalmente nas imediações da Casa D’Itália. Até o momento, não foram divulgados os dados de ocorrências policiais registradas. Pelas redes sociais, diversas pessoas que foram ao evento escreveram relatos de violência.

Veja mais imagens da 15ª edição da parada LGBT da Bahia

Equipe do Me Salte na parada: Jorge Gauthier, Priscila Natividade, Naiana Ribeiro, Pedro Vilas Boas, Lucas Moreira e Andrey Oliveira.. 

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