Por Nadya Machado*
Dia 28 de junho – Dia do orgulho LGBT
Eu sempre me atraí por mulheres, desde que comecei a ter alguma noção do que era se atrair por uma pessoa. Eu cresci em um lar onde ouvia que “antes um filho morto do que gay”. Não é por acaso que o Brasil é o país que mais mata LGBTs no mundo.
E semana passada mesmo ouvi que eu era lésbica porque não conheci um homem de verdade. É óbvio que essa pessoa não sabia minha história. Porque se ela soubesse que eu só vivi 9 anos da minha vida em um relacionamento abusivo com um ~homem de verdade~ porque eu tive medo de ser a filha morta… Talvez essa pessoa não tivesse dito isso. Talvez ela só tivesse dito que Deus fez Adão e Eva ou qualquer outro clichê que, infelizmente, acabamos nos acostumando em ouvir.
Eu levei 23 anos da minha vida pra me entender, me aceitar, me respeitar e existir pra mim. Eu saí do famigerado armário há pouco tempo e ainda sofro com alguns ataques. Por outro lado, sou muito privilegiada em poder contar com o apoio de muitas pessoas.
Mas então é orgulho de quê, se a gente vive a vida sofrendo ataques, tendo nossas vozes caladas, e vivendo com medo? Eu tenho orgulho de ter força pra deixar para trás familiares, amigos, oportunidades e um passado forçado pela pressão. Tenho orgulho de construir a minha bolha de amor e saber que nela estarei segura. Tenho orgulho de existir e continuar lutando, de sobreviver, de continuar de pé em um mundo onde a nossa imagem incomoda, onde o nosso amor é odiado.
Lésbica, sapatão, fanchona… Como preferir. Eu tenho orgulho de dizer que amo outra mulher e sou amada de volta. Eu tenho orgulho do meu amor, porque o meu amor existe na RESISTÊNCIA.
*Nadya é lésbica, gorda, e cedeu seu texto ao Me Salte para a campanha #MeOrgulho, em homenagem ao Dia do Orgulho LGBT