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Pabllo Vittar explora origem nordestina em novo disco; ouça

Não há dúvidas de que a drag queen maranhense Pabllo Vittar, 23 anos, é um fenômeno. Após lançar seu primeiro disco, Vai Passar Mal? com vários hits, em 2017, ela participou do Rock in Rio – cantou com Fergie – fez sucesso e ficou nos top 100 globais com a música Sua Cara (e seu clipe icônico), e, para completar, foi a primeira drag indicada a um Grammy (o Latino), no último mês, pela mesma música, ao lado de Major Lazer e Anitta.

Ícone e super representante da cena LGBTQI+, a cantora tem quebrado barreiras em vários ambiente – na música, na publicidade, nas lojas, nas redes sociais e muito mais. Além disso, faz questão de mostrar sua origem nordestina em sua música. Seu segundo álbum, Não Para Não, que acaba de ser lançado nesta quinta-feira (4) nas plataformas digitais (ouça abaixo), é mais um exemplos disso. Nele, Pabllo combina pop, forró, tecnobrega, axé e até carimbó e guitarrada no disco, seu primeiro por uma grande gravadora (Sony). O álbum tem parcerias com nomes como Ludmilla e Dilsinho.

“O disco foi pensado como uma noite comigo: tem música pra se acabar de dançar, música pra chorar pelo boy lixo, enfim, tá incrível”, promete a cantora.

(Foto: Divulgação)

Produzida, mais uma vez, pelo Brabo Music Team (BMT), mesmo time do primeiro álbum, a Pabllo de Não Para Não tem sua potência concentrada num disco que não vai além dos 27 minutos de duração. Nas suas dez faixas, o ouvinte/dançarino faz um caleidoscópico passeio pelo que há de mais internacional na música brasileira – e de mais brasileiro na música internacional.

Sobre as músicas
O disco começa em alta rotação com Buzina, definido pelo seu produtor musical, Rodrigo Gorky, como “o que seria o k-pop se fosse feito no Brasil”. Uma faixa maximalista de sons e sensações, convocação para a festa sem limites que se inicia. “Preste atenção no poder da tentação e da buzina quando toca fazendo sair do chão”, pede Pabllo.

Afrobeat e forró, num beat presentado por Diplo, se apresentam na faixa seguinte, Seu Crime, na qual a cantora revela um timbre mais grave, ainda desconhecido do grande público, e não mede os queixumes da paixão: “Eu acho que passou da hora de assumir sua culpa, seu crime foi me amar.”

Pabllo e Diplo: parceria começou em Sua Cara e gerou ainda Então Vai

Primeiro single do disco, com um vídeo que rapidamente passou dos 40 milhões de views, Problema Seu nada mais é do que um eletropagode baiano, lembrança da música que Pabllo ouvia na infância e adolescência no Nordeste. “Eu te avisei pra não ficar me esperando / eu não sou santa e a pista tá fervendo / pode vir quente que o DJ tá chamando / eu tô pegando quem quiser”, avisa ela. Já “Disk me”, música que teve 23 arranjos diferentes, acabou virando um romântico r&b com bregão, no estilo das divas Marcia Felipe, Solange Almeida e Mylla Karvalho, ex-Companhia do Calypso. O tom da letra é indignação: “Que coragem você tem de me ligar às 4 da manhã pra me falar de amor… o que você tomou?”

Forró e PC Music se acasalam em Não Vou Deitar, outra das faixas em que Pabllo solta os cachorros (“eu não vou deixar você me controlar, não vou voltar!”). Numa vibe mais festeira e positiva (“vou degustar a vida como um copo de gin”), Ouro inaugura no disco a série de participações especiais: quem divide a música com Pabllo é sua melhor amiga, a multitalentosa Urias. Trago Seu Amor de Volta, por sua vez, tem dueto com Dilsinho, estrela do samba pop, numa espécie de axé anos 90, triste-alegre, em versão 2018: “trago seu amor de volta / não quero nada em troca / o que o destino uniu ninguém vai separar”.

E em Vai Embora, mistura de trap com pagodão baiano feita a partir de uma base de Rafa Dias, do grupo baiano ÀTTØØXXÁ, quem dá o papo reto com Pabllo é Ludmilla: “Você perdeu o jogo / se prepara pra faxina / eu vou passar o rodo / e te limpar da minha vida.”

Ludmilla canta com Pabllo em música com uma base de Rafa Dias, do grupo baiano ÀTTØØXXÁ

E quem diria que Pabllo ia tentar a sorte no departamento Havana de Camila Cabello? Que nada! No Hablo Español “é pura tiração de sarro de quem aprendeu espanhol assistindo à série Rebelde” e que reconhece, de forma sacana, a sua falta de habilidade com o idioma: “losiento, amor, pero no hablo español / por isso deixo meu corpo falar / e sua língua me levar / pra lá e pra cá.” Para continuar fugindo das obviedades latinas, Miragem encerra o disco investindo na mistura de cúmbia com rasteirinha, num romance de alta voltagem: “Seu beijo é um perigo, engana meus sentidos, esse amor bandido não dá.”

(Foto: Reprodução)

Para Pabllo Vittar, Não Para Não “tem como objetivo agradar a pessoas de backgrounds diferentes”. Dele, fazem parte, além de Gorky, o produtor de música eletrônica Maffalda (o paulistano Arthur Gomes), o compositor Pablo Bispo (carioca, que fez Pesadão, da IZA), Zebu (Guilherme Pereira, de São José dos Campos, famoso pela versão de Medo Bobo, de Maiara & Maraísa, gravada pelo cantor Jão) e Arthur Marques (da banda de indie rock Mickey Gang, de Colatina, que já compôs para Iza, Lucy Alves e CleoPires).

Naiana Ribeiro
Naiana Ribeiro
A jornalista ama Beyoncé, música pop, e é editora da PLUS, a primeira revista para gordas do país. Segue no Insta: @itsnaiana

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