‘Melhor forma de combater preconceito é conhecer’, diz Dan Stulbach

Com mais de 500 mil visualizalções, mais de 17 mil reações e mais de 4 compartilhamentos na rede social, o primeiro episódio da série mostra a vida de Gabriel Lodi, que desde pequeno se identifica como homem mas nasceu mulher. “A ignorância é a mãe do preconceito. As pessoas não sabem sobre o assunto, assim como eu não sabia. O corpo foi se tornando feminino e eu não reconhecia aquilo que estava acontecendo. Eu fiquei isolado e tentei me matar duas vezes. A vida não fazia sentido para mim”, lembra.

Depois de sofrer muito preconceito, Gabriel assumiu o nome masculino e iniciou o tratamento para realizar a troca de sexo. Mas sua família precisou de tempo para se acostumar às mudanças. “Sempre falo que tive que respeitar um período de luto da minha mãe. Ela teve que deixar morrer a filha para nascer o filho e aceitar esse novo filho. Acima de qualquer preconceito que possa existir, pai e mãe sempre vão ver o sorriso na cara do filho. Por mais que demore a chegar esse momento”.

Além do apoio dos pais, Gabriel fala no episódio sobre a esposa, que foi essencial para ele entender o que estava acontecendo. “Foi através dessa mulher – que olhava para mim e enchergava o homem que eu queria ver – que eu começei a me enxergar nos olhos dela”, conta.

Em A Força do Querer, o ator é pai de Ivana, que se reconhece como homem trans durante a trama (Foto: Priscila Prade/Divulgação)

Na novela, o ator é pai de Ivana (Carol Duarte), personagem que se reconhece como trans e decide fazer a mudança de sexo ao longo da trama. “Decidi dividir essas descobertas com vocês, com as pessoas que estão assistindo, com quem quer saber mais do assunto para diminuir o preconceito e aumentar o esclarecimento. Acho que isso não é uma questão só de quem é trans, mas uma questão da sociedade toda. O fantástico de uma uma novela é que traz questões que podem melhorar nossa sociedade”, explica ele.

Assista ao teaser completo da série Transversal
Confira o especial do CORREIO sobre a vida de luta por respeito às identidades das pessoas trans

•  Mini glossário de gênero

(Foto: Reprodução)

TRANSGÊNEROS – Nos Estados Unidos (EUA), transgênero e transexual são sinônimos para pessoas que se identificam com o sexo oposto ao atribuído no nascimento. No Brasil, o conceito de transgênero engloba todas as formas que fogem do padrão de gênero** tido como “normal” – adotada por uma pessoa de acordo com seus genitais, psicologia ou seu papel na sociedade – incluindo os transexuais.

TRANSEXUAL – Homem ou mulher que nasceu com o sexo do outro gênero. Pode ter feito ou não a cirurgia de adequação.

TRAVESTI – É termo usado no Brasil para designar quem se identifica com o sexo oposto ao do nascimento, faz alterações no corpo, mas não deseja realizar cirurgia de adequação sexual.

CISGÊNERO – É uma pessoa que está feliz com a maneira com a qual foi registrada e designada quando nasceu. É considerada “alinhada” dentro do seu corpo.

DRAG QUEEN – A arte drag não se encaixa em debate de gênero e sexo. O artista transformista interpreta um  um personagem – que tem suas próprias características e vontades. Esse personagem pode ser interpretado por qualquer pessoa –  homem, mulher, trans, binário, não binário. Existe o termo drag king para artistas femininas que se personificam em figuras masculinas.

GENDERQUEER – Ou sexo não binário. São pessoas que não se identificam com nenhum gênero ou transitam entre eles.

CROSSDRESSER – Gostam de se vestir como o sexo oposto ao designado no nascimento no dia a dia ou em  situações de fetiche, mas não se identificam com o sexo oposto.