Um dos mais belos conjuntos arquitetônicos às margens da Baía de Todos-os-Santos, o Museu de Arte Moderna (MAM), no Solar do Unhão, receberá, a partir deste domingo, o Acústico no MAM.
O projeto musical, que acontecerá uma vez por mês durante o Verão, estreia com a cantora baiana Daniela Mercury, que criou um show exclusivo para a ocasião, o acústico-percussivo Afro Cyber Retrô. A ideia é juntar referências e músicas do seu próprio repertório de samba-reggae, além de sambas afro, incluindo as músicas novas Pantera Negra Deusa – que teve clipe gravado no MAM – e Pagode Divino, que aborda a liberdade de expressão na música.
“Samba-reggae e afro são a essência do meu axé e do meu samba. Dos meus 20 álbuns, são cerca de 60 músicas desse tipo. Desde pequena, canto sambas de Vinicius de Moraes e Toquinho; também canto muito bossa nova e MPB. São artistas que me construíram como cantora e influenciaram no meu axé.Esse novo trabalho traz canções curtas e é muito eclético. Tem minhas músicas com batidas mais leves e homenagens a artistas da MPB”, revela Daniela.
Com mais três músicos – Alexandre Vargas (cavaquinho, violão, guitarra bandolin, cavaquinho); Luizinho do Jeje (percussão e violão); e Yacoce Simões (acordeon, baixo, bandolim, violão, percussão e teclado) – Daniela apresentará a maior parte das faixas em formato acústico, com violão e percussão. Tudo para combinar com o pôr-do-sol e com o clima proporcionado por uma das vistas mais incríveis da cidade.
No repertório, a cantora incluiu clássicos como Águas de Março e Desafinado, de Tom Jobim; O Velho e a Flor, de Vinicius e Toquinho; Mais um Adeus e Canto de Ossanha (parceria com Baden Powell), de Vinicius de Moraes. “Em algumas músicas, coloquei batidas do Ilê. Elas ficam lindas nesse arranjo”, completa Daniela. As músicas Nada Será Como Antes, de Milton Nascimento, e Faltando um Pedaçom, de Djavan, também estão na setlist do show.
O termo ‘Cyber’, ela explica, tem a ver com uma tendência atual de usar recursos tecnológicos na música. “Estou preparando uma canção chamada Cyber Samba também por causa dessa mistura de ritmos com programações eletrônicas e loops de voz. Vejo a BaianaSystem e Elza Soares trazendo essas timbragens mais urbanas e modernas hoje, mas é algo que eu faço desde os anos 2000. Algumas canções têm percussão com esse recurso, mas cada uma tem uma formação diferente. Pantera Negra Deusa, por exemplo, vou fazer a versão acústica. ”, conta.
O evento, portanto, será uma oportunidade de ver um lado mais intimista da artista. “Algumas das músicas que inclui no show, que tem uma beat mais lenta, quase nunca canto em Salvador. É o caso de Antropofágicos São Paulistanos e Santa Helena. Vou trazer esse meu trabalho que muita gente não conhece”, pontua Daniela, ressaltando que o show trará ainda outras surpresas que se conectam com o local: “O repertório também terá várias músicas que falam de mar e de pôr do sol. Mas que também falam sobre nossas raízes: sobre a Bahia e o inconsciente desse lugar”.
Na opinião da artista, o MAM é o local mais bonito de Salvador. “Eu amo o MAM. Gravei o clipe de Pantera Negra Deusa lá, que vai ser lançado antes do final do ano. Tenho um afeto imenso por lá. Minha avó tinha uma casa na Gamboa de cima e passei minha vida inteira olhando aquela vista… Descia pra tomar banho de mar. A paisagem em si já é uma obra de arte então tenho que fazer um repertório que dialogue com isso”.
Verão acústico
A proposta do projeto musical é apresentar sempre grandes nomes da cena musical local em um lounge à beira mar com a participação de outras atrações ainda pouco difundidas. Nesta primeira edição, por exemplo, quem também se apresentará por lá é a banda Lê Fulerê, também no formato acústico em função do espaço ser um patrimônio tombado.
“Esse projeto foi feito para durar alguns anos. Além do Verão, queremos fazer algumas edições espalhadas ao longo do ano, como no São João”, conta o produtor executivo Mário Barros.
“Queremos envolver todas as tribos, incluindo as pessoas que já vêm no MAM, que é, talvez, um dos lugares mais importantes da Bahia”, acrescenta. A iniciativa coloca o MAM alinhado com outros museus no mundo, que também têm aberto as suas portas para eventos que exploram outras linguagens. O evento é uma realização da E33 Entretenimento que se inspirou no exitoso projeto Jam no Mam, que manterá sua programação normalmente aos sábados.
O quê: Acústicos no MAM, com Daniela Mercury, Lê Fulerê, DJs Tricy e Karen Machado
Quando: Domingo (16), às 16h
Onde: Museu de Arte Moderna (Av. Contorno)
Ingressos: R$ 120 (inteira) e R$ 60 (meia)
Vendas: Sympla, Partiu Balada e Eventim
Classificação: 18 anos, ou menores acompanhados dos pais
Próximas datas: