Por Israel Campos, especial para o Me Salte*

Meus filhos foram apresentados pelo meu marido. Na época estávamos já apaixonados, mas sem coragem de concretizar o desejo e o amor. Aos 20 anos, começamos a viver o nosso amor e aos 20 anos comecei minha jornada em ser pai.

Quando eles eram crianças (hoje os dois são adolescentes, tem 13 e 17 anos), nenhum desafio era maior do que cuidar, compreender, ser pai e ser mãe, ainda mais com crianças que foram adotadas e tiveram uma vida anterior (ainda que sejam adotadas cedo, com média de 3 anos cada um). Sempre quis ser pai, então eu tinha muita disponibilidade e energia para desempenhar esse papel, mas muitas surpresas ocorreram no caminho: a primeira é que quanto mais amor você da para seus filhos, mais amor você recebe de volta.

O cuidado é algo mágico. A segunda surpresa foi a questão do preconceito. Nossos filhos não tinham preconceito pela nossa relação, o que comprovou na prática a ideia de que o preconceito é uma construção social. Se a criança vê e vive amor é ponto final, não tem “mas” ou “porém”. Tentamos ser bons pães!

Família Carvalho Campos: Milton e Israel com seus filhos Davi e Rafa

Agora que nossos filhos são adolescentes, posso dizer que nossa casa é composta de muita testosterona! Quatro homens em casa com espírito de liderança, vontades e etc.! É um desafio, como em muitas famílias! Xica, nossa pequena cadelinha, é a mulher da casa e manda em todos nós, risos.

O casamento civil para pessoas do mesmo sexo foi uma grande vitória para todo o povo brasileiro. Além de igualar em amparo e em reconhecimento de afeto e direitos, todos os casais, essa decisão ecoa na sociedade de forma muito positiva, dando visibilidade às famílias homoafetivas e, com certeza, fazendo com que as pessoas repensem seus preconceitos. Falta ainda o legislativo regulamentar todas as decisões do STF.

Através da educação, em específico do meu canal “Direitos Humanos Pra Geral”, busco difundir o acesso aos Direitos básicos, em uma linguagem acessível e democrática. Quero que jovens LGBTQIA+, pessoas negras, educadoras(es), empresárias(os) possam levar os Direitos Humanos para suas famílias, para suas organizações. Uma sociedade igualitária em Direitos, é uma sociedade mais saudável, mais justa.

Penso que melhor pensar nesse dia dos pais que seria comemorar o dia da família. Pensar em não excluir é um papel de todes nós que trabalhamos em educação, em especial com Educação em Direitos Humanos. Nesse dia de todes pães, desejamos amor e compreensão para todas as famílias. O diálogo é o melhor recurso para promover a união das famílias e vencer os desafios que a convivência familiar nos coloca. Afinal, o Direito de ter uma família, de amar e de ser amado, é pra geral!

Israel é educador em Direitos Humanos e pai de Davi e Rafa. É autor do canal “Direitos Humanos Pra Geral”

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