Enquanto brincava com uma amiga e sua sobrinha na noite de ontem (22) em um parquinho no bairro de Vila Laura o jovem Lucas Villas Bôas, de 22 anos, foi covardemente espancado por um vizinho do bairro que fica na região de Brotas, em Salvador. O agressor, segundo relata Lucas, o espancou com crueldade e gritava com ódio: “Vou te matar seu verme (…) Você estava aliciando as crianças. Da próxima vez que você pisar aqui na rua vou te matar”, relembra Lucas em entrevista ao Me Salte. Ele recebeu diversos socos na cabeça, chutes nas costas e na boca. “Ele se aproximou de mim, perguntou se eu tinha isqueiro e começou a me bater e dizer que ia me matar. Ele bateu minha cabeça várias vezes no portão. Eu tinha ido na casa dessa amiga para fazermos a inscrição para um concurso e desci para brincar com ela e a sobrinha como sempre fazia”.
O agressor, segundo Lucas relembra, dizia que as agressões aconteceram porque ele é gay. Pelas falas do agressor, Â ele estaria ‘aliciando’ as crianças que estavam no parque do condomínio. “Eu estava lá no parquinho da rua da minha amiga e a praça estava cheia de gente. Tinham pais, babás e outros moradores. Essa ideia dele de eu estar aliciando as crianças não tem o menor fundamento”, explica Lucas. O agressor, que foi identificado apenas com o apelido de Som, mora nas adjacências de Vila Laura.
Lucas foi socorrido pelos vizinhos do prédio que fica em frente ao parquinho e conta que teve muito medo no momento em que foi vítima da homofobia e pensou até em não denunciar o caso. “Essa foi a primeira vez que passei por isso. Tive muito medo. Ele me ameaçou de me matar, mas resolvi denunciar. Assim como fui eu poderia ter sido outra pessoa. Qualquer tipo de preconceito a gente tem que batalhar contra”, argumenta Lucas que na tarde desta quarta (23) será acolhido no Ministério Público do Estado da Bahia através do Grupo de Atuação em Defesa das Mulheres, que atende os LGBTs.
“Fiquei com dores no corpo. A maioria dos murros foi na cabeça e chutes nas costas, mas não vou me intimidar. Conto com o apoio da minha família que sabe da minha orientação sexual e me aceita. Quero dizer que as agressões, murros, chutes, palavrões, tapas na cara que recebi não me afetaram em nada. Ao contrário, só me fortaleceram mais e mais”, fala Lucas que também está recebendo acolhimento do coletivo  Famílias pela Diversidade na Bahia.
Segundo Inês Silva, coordenadora do grupo Famílias pela Diversidade na Bahia, é preciso que haja Justiça nesse tipo de situação, que é recorrente no Brasil e no nosso estado. Por dia, um LGBT é morto no Brasil, segundo estatísticas do Grupo Gay da Bahia (GGB). “Não é possível que casos como esses aconteçam rotineiramente e fiquem impunes. Isso não não normal e nunca será normal se conviver com medo e ameaça. Somos todos iguais e temos os mesmos direitos. Isso tem que ser respeitado”, afirma Inês que pertencia ao coletivo Mães Pela Diversidade.
Onde buscar ajuda?
Além do Gedem – onde é possível agendar o atendimento pelo telefone (71) 33211949  – há outras formas de buscar ajuda em caso de preconceito. O Centro de Referência LGBT de Salvador, por exemplo, está localizado no bairro do Rio Vermelho e funciona de 8h à s 17h, de segunda a sexta-feira. O ambiente dispõe de recepção, refeitório e auditório, além das salas de atendimento, divididos entre térreo e primeiro andar. Lá, o público LGBT encontra atendimento social, psicológico e jurídico “ os atendimentos são fixos e há acompanhamento dos casos.
Todos os membros do centro, entre corpo técnico e demais funcionários, são engajados com a causa LGBT porque, segundo a coordenação, há uma preocupação em receber essas pessoas do jeito mais adequado.  Denúncias online podem ser feitas por meio do Observatório da Discriminação Racial e LGBT , da Secretaria Municipal de Reparação (Semur).