A jogadora de vôlei de praia Carol Lissarassa – que fez parceria com a campeã Juliana em um torneio de vôlei de praia em novembro de 2017 – foi vetada no último final de semana para disputar a etapa de vôlei de praia de Cruz Alta do Circuito Verão Sesc de Esportes. Transexual, Carol foi obrigada a atuar no masculino ao lado de Helio Lucena.
De acordo com o portal Globo Esporte, no ano passado, a atleta foi vice-campeã da etapa de Ijuí nessa mesma competição, só que atuando no feminino. Em 2018, contudo, se inscreveu para jogar ao lado de Grazielle Gonçalves. Só que teve sua documentação vetada.
“Fiquei indignada com a organização, porque no ano passado disputei uma etapa do Circuito Sesc e fui vice-campeã. O documento que apresentei é o mesmo que usei em todas as competições femininas que disputei até hoje, que é minha identidade social como Carolinna Lissarassa, vinculada ao mesmo número de RG do meu nome de batismo. Sempre joguei com esse documento e nunca tive resistência. Para mim, foi um ato de discriminação. Ano passado joguei e fui para o pódio. Esse ano, após todas as matérias que saíram, acho que estou sendo perseguida”, afirmou Carol ao Globo Esporte.
A atleta explica que a organização do evento afirmou que ela teria que atuar no masculino se quisesse participar. “Joguei no masculino para combater essa discriminação e para mostrar que, independentemente de masculino ou feminino, tenho talento e não vou parar. Se esse ato de me proibir no feminino foi uma maneira de me fazer não jogar, eles não conseguiram. Perdemos dois jogos apenas. Na semi, perdemos para os campeões da etapa em um jogo parelho”, destacou a atleta que relatou dificuldades de atuar no masculino, pois sua força, seu impulso e sua agilidade não são as mesmas dos homens.
Carol está pré-inscrita para representar o Brasil nos Gay Games, em agosto, em Paris, no torneio de vôlei de praia. A jogadora transexual tem atuado em competições femininas há cerca de três anos.
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Procurada pela GloboEsporte.com, a Confederação Brasileira de Vôlei afirmou que o torneio no RS não é chancelado pela entidade. A Confederação disse ainda que não foi consultada ou contactada sobre o assunto e que, se fosse, seguiria as diretrizes do Comitê Olímpico Internacional (COI). A atleta Carol, nesse caso, poderia jogar, como Tiffany na Superliga.
O Sesc também foi procurado pelo GloboEsporte.com e explicou que o documento de Carol não foi checado devidamente pela mesa de arbitragem no ano passado e que a atleta teria jogado de forma irregular por erro da organização. O regulamento do campeonato não cita especificamente o caso de atletas transexuais e prevê apenas que sejam aceitas carteira de identidade, carteira de motorista, passaporte, carteira de trabalho com foto e cartão do Sesc .