Por Caroline Vilas Boas*
E o chicote, que estralava nas costas, hoje estrala no peito.
Eles querem separar nossas mãos, nossos lábios, nossos beijos, nossos cabelos (que dão nós nos enrolados um no outro). Eles querem segurar nossa união nas mãos e dizer que ‘foda-se a porra toda, você não tem a minha permissão’. Eu não. Eu não preciso da sua permissão. Eu não preciso do seu sermão de bons modos convencionais. Eu não sou da família tradicional.
Eu segurei o chicote nas mãos antes dele deitar e não mais abriu meu peito, como das ultimas vezes. Eu queria gritar pro mundo inteiro ouvir: o meu corpo é a minha casa e da minha casa cuido eu. Eu não preciso da sua permissão.
Eu tenho. Todas elas têm. Carregam essa capacidade de alcançar qualquer coisa no mundo. A nossa força é muito maior quando estamos juntas e não é essa cela disfarçada de casa que vai nos afastar de quem somos, do nosso modo de amar, da nossa liberdade de sermos nós mesmas.
A nossa vida não é para ser fardo. A nossa vida não é para seguir como suspiro. A nossa paz não é para ser rara. Os nossos dias não são para serem como tormentos.
O chicote, aqui, não mais estrala. Eu, mulher preta, lésbica e feminista, resisto!
*Caroline (@vilascarolinee) escreveu para o Me Salte para a campanha #MeOrgulho, em homenagem ao Dia do Orgulho LGBT, comemorado no dia 28 de junho. Ela estuda jornalismo, é blogueira no Causando Barulho e faz parte do Coletivo Minissaia.