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A luta LGBT em destaque no UFC

Por Ivan Dias Marques*

Neste sábado (12), a baiana Amanda Nunes faz sua primeira defesa de cinturão do UFC no Brasil. Mais do que isso, sua luta contra a americana Raquel Pennington, a principal do UFC 224, no Rio, é um marco histórico no país.

Tanto Amanda quanto Raquel são homossexuais e farão o primeiro evento principal da organização envolvendo duas ativistas dos direitos LGBT em pleno país recordista mundial em assassinatos de LGBTs. No ano passado foram 445 mortos no Brasil por motivo de homofobia, segundo dados do Grupo Gay da Bahia (GGB), ou seja, mais do que um por dia.

As duas lutadoras possuem relacionamento com outras atletas do UFC e ambas, como a maioria dos LGBTs, sofreram até poderem expressar suas preferências. Preconceito de familiares, amigos e, claro, do meio do MMA. Afinal, o maior estereótipo que pode existir quanto a uma mulher se dedicar profissionalmente às artes marciais é, exatamente, tratá-la como lésbica.

No entanto, na maioria dos casos, a arte marcial não é o meio, é a fuga e o porto seguro. O medo da homofobia, da violência daqueles que não respeitam as escolhas de gênero e a insegurança por ter que esconder quem realmente são é quem, geralmente e, muitas vezes, inconscientemente, faz com que as mulheres LGBT procurem uma arte marcial.

E talvez seja esse preconceito que faça com que Amanda também ainda não tenha o reconhecimento que merece. Enquanto Ronda Rousey era a queridinha, a garota-propaganda, o bibelô do UFC, a baiana, campeã com méritos e que destroçou Ronda, não conta com a mesma “simpatia”.

Para o evento de amanhã, no Rio, a expectativa de muitos torcedores – e da organização – é muito mais pela presença da americana-brasileira Mackenzie Dern, que tem potencial para ocupar o mesmo lugar vago por Ronda e também faz sua primeira luta em solo brasileiro. Mackenzie sempre foi cercada de expectativa, pelos títulos no jiu-jitsu, mas conta com uma simpatia por fazer parte de um padrão estético e comportamental mais de acordo com os valores da “família”. Se perder, ninguém vai lembrar ou ofendê-la por sua opção sexual, o que, com Amanda, a gente bem sabe que pode acontecer.

Assim, mesmo sabendo do risco inerente a uma luta de disputa de cinturão de MMA e da qualidade de Raquel (pra mim, inferior a Amanda), aguardo que a Leoa vença o combate, siga com seu cinturão, lasque um beijo em rede nacional em sua esposa e faça um discurso daqueles. Para fazer do UFC 224 um marco na luta pelos direitos LGBTs.

Basquete
É com grande ansiedade que todos nós, imprensa e amantes do basquete, esperamos a melhor resolução possível para o imbróglio entre o Vitória e a Universo. Em 2015, entrevistei o então técnico da seleção brasileira Rúben Magnano e ele falava da importância em massificar o basquete para fazê-lo voltar a ser um esporte de grandes conquistas no Brasil.

Somos umas das cinco maiores cidades do país e não ter uma equipe de basquete jogando numa liga nacional e em bom nível atrasaria em muitos anos o desenvolvimento do esporte em Salvador. Tenho certeza que a cultura do basquete criada nestes três anos na capital baiana, principalmente, no bairro de Cajazeiras, o mais populoso da nossa cidade, dará frutos. Mas o trabalho não pode ser cortado assim, de uma hora para outra.

Ivan Dias Marques é subeditor de Esporte e escreve às sextas-feiras no jornal CORREIO

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