A evolução no número de mortes de pessoas LGBTs não segue o mesmo ritmo das investigações e punições dos acusados. De acordo com o relatório do Grupo Gay da Bahia (GGB), somente em 17% dos homicídios registrados em 2016 o criminoso foi identificado (60 de 343), e menos de 10% das ocorrências ocasionou a abertura de processo e punição dos assassinos. Dentre os autores identificados, muitos eram conhecidos das vítimas: o companheiro atual (27%), ex-amante (7%) e parentes da vítima (13%). Clientes, profissionais do sexo e desconhecidos em sexo casual foram responsáveis por 47,5% desses crimes. O ano de 2016 bateu recorde de número de ocorrências envolvendo pessoas LGBTs que terminaram em mortes.Â
O presidente do GGB, Marcelo Cerqueira, defende que a LGBTfobia seja considerada crime. Ser travesti, lésbica ou gay já é um agravante de periculosidade dentro da intolerância machista dominante em nosso país! Exigimos a equiparação da homofobia ao crime de racismo já!, argumenta.
A coordenadora do Centro de Apoio Operacional dos Direitos Humanos (CAODH) do Ministério Público da Bahia (MP-BA), Márcia Teixeira, sinaliza que o volume alto de mortes de LGBTs reflete à s questões de violência da própria sociedade, mas isso não é o único motivo. Esses números sinalizam que as violências têm crescido bastante. Isso também pode sinalizar tempos difíceis de falta de amor. As pessoas vêm exercitando sua incapacidade de fazer empatia e procurando resolver seus problemas e frustações com violência. A promotora ressalta ainda que as políticas públicas não estão levando a sério a questão da LGBTfobia. Precisamos que as secretarias e governos garantam os direitos. Além disso, os processos não seguem os prazos estabelecidos pelo código penal, afirma.
O coordenador do Centro Municipal de Referência LGBT, vinculado à Secretaria Municipal da Reparação (Semur) da prefeitura de Salvador, destaca que os casos de violência precisam ser acompanhados para que eles reduzam. O preconceito é o principal fator que leva a aumentar os casos de LGBTfobia. No Centro de Referência (localizado no Rio Vermelho) damos apoio à s vítimas de agressão e acompanhamos à s famílias em casos de homicídio já que eles são investigados pela polícia, afirma.
Em nota, a Secretaria da Segurança Pública da Bahia, através da Superintendência de Prevenção à Violência, afirmou que está em processo de implantação do Núcleo de Atendimento Qualificado à s Vítimas de Preconceito Racial, Intolerância Religiosa e da População LGBT, que funcionará reforçando o suporte a estes públicos desde o primeiro atendimento na delegacia até o acolhimento na rede de apoio constituída por diversos órgãos estaduais.
A SSP-BA, contudo, não informou quando o núcleo será instalado. Além da análise no melhor local para abrigar o núcleo, também são aguardadas a chegada das viaturas adquiridas recentemente pela Polícia Civil, assim como a posse de novos delegados, escrivães e investigadores que vão compor o quadro da unidade, disse a secretaria, em nota.
RELEMBRE ALGUNS CASOS DE CRIMES ENVOLVENDO LGBTS EM 2016
Crueldade
O estudante Itaberlly Lozano, 17 anos, foi morto, em dezembro, com golpes de facada no pescoço. A mãe dele foi presa pelo crime. Em depoimento, familiares disseram que ela não aceitava a homossexualidade do jovem.
Metrô
O vendedor ambulante Luís Carlos Ruas, 54 anos, foi morto em uma estação do metrô de São Paulo na noite de Natal quando defendia duas travestis, que haviam sido atacadas. O caso dele entra no relatório do GGB, mesmo ele não sendo gay, pois eles computam também quando a pessoa morre em função de um LGBT.
Transformista
O ator transformista Fernando Bergen Monteiro, 46 anos, foi morto a tiros, em maio, no bairro de Tororó, em Salvador. Fernando era conhecido como sua personagem Andrezza Lamarck e interpretava uma personagem inspirada em Clara Nunes nos seus shows. Ele também era maquiador.
Oeste
A travesti Sabrina Souza, 32 anos, foi morta por espancamento na cidade de Luís Eduardo Magalhães, na Bahia, em julho.
Gamboa
A travesti Sheila Santos, 36 anos, foi assassinada com um tiro na cabeça, em junho, enquanto usava crack na Gamboa de Baixo, em Salvador. Ela trabalhava como empregada doméstica.
Assalto
O empresário Henrique Assis das Neves, 30 anos, foi morto durante assalto na Praça da Piedade, em janeiro. Ele também era ator transformista e interpretava a personagem Lívia de Castro.
Santa Luz
Os professores Edivaldo de Oliveira e Jeovan Bandeira, foram mortos e tiveram os corpos queimados na Bahia, em junho.
2 Comentários
Por que os LGBTs querem tratamento diferenciado do restante da sociedade?
E os dezenas ou centenas de héteros que são assassinados todos os dias , e os autores também ficam impunes?
Quantos chefes de familias são mortos por ladrões diariamente?
Lutem pela causa de vocês, mostrando respeito por quem não tem a mesma opção que a sua, respeite minha familia, meus filhos!
Se eles forem gays, que seja pela sua natureza humana e não por influência de um gay , que acha normal ficar dentro de um banheiro de supermercado ou shhopping tendo relações sexuais.
Normal é um casal, homem e mulher, o resto é cambiarra!
Querido Vitório, por que você, como bom hétero e formador da família tradicional brasileira veio aqui fazer um comentário desses ao invés de ir lutar por esses outros héteros que são assassinados por motivos QUE NÃO DIZEM RESPEITO A SEXUALIDADE, onde gays também estão suscetíveis a serem assassinados (num latrocínio por exemplo)????? Será que é tão difícil perceber o absurdo que é alguém ser morto por simplesmente ser o que se é em pleno século XXI??? Você acha mesmo que eles querem tratamento diferenciado do restante da sociedade? Se eles realmente quisessem isso não seria preciso pedir, a sociedade já joga pra escanteio a comunidade LGBT, já marginaliza, assim como voce ta fazendo com esse comentário podre. Tenha mais empatia, o mundo não gira em torno de você!!!!!!!!!!!!