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Polêmica: prova em Belém pergunta ‘como evitar o homossexualismo’

Por Gabriel Moura*

Viralizou nas redes sociais uma prova que foi aplicada pelo Colégio Adventista, localizado em Belém. Na avaliação da disciplina de Português, uma das questões perguntava “como evitar o homossexualismo”.

Além disso, havia outras perguntas como “a pessoa nasce ou se torna homossexual”, “a Bíblia condena a relação homossexual” e “homossexualismo tem perdão?”. Vale ressaltar que o termo correto é “homossexualidade” e a LGBTfobia foi considerada crime pelo Supremo Tribunal Federal (STF) em junho deste ano.

A prova contendo as perguntas foi divulgada nas redes sociais do maquiador Herisson Lopes, cuja irmã estuda no 9º ano de uma das unidades do Colégio Adventista de Belém. O jovem, que é homossexual e estudou por oito anos na mesma escola, afirma que pretende entrar com uma ação no Ministério Público (MP).

“Eu irei entrar com uma ação no Ministério Público, também quero levar isso ao Conselho de Educação tanto estadual quanto federal. Isso que estou fazendo é um ato social, pois eu gostaria muito que alguém fizesse isso por mim quando eu estava no nono ano. Não irei desistir e vou até as últimas consequências neste caso”, afirmou ao CORREIO.

Herisson também relatou que a irmã dele ficou extremamente indignada com a prova passada pela escola e que ano que vem irá trocar de instituição de ensino. Após compartilhar o caso nas redes, o maquiador foi até o Colégio Adventista para conversar com a direção, que no bate-papo disse que irá se manifestar apenas após uma consultoria jurídica. 

O que também chamou a atenção de Herisson é que a prova tinha 50 questões, mas nenhuma pergunta com conteúdo gramatical, apenas interpretação de texto. As questões com o tema da homossexualidade tinham como base o livro “De Bem com Você”, dos autores Sueli Nunes Ferreira e Marcos De Benedicto.

Na obra há uma visão deturpada da homossexualidade. Há explicações sem qualquer fundamento científico ou psicológico de como a orientação sexual é desenvolvida, além disso o tema é tratado como doença, apontando caminhos para uma possível cura.

“Estamos em um dos países que mais mata LGBT, e eles passam um livro essas informações tendenciosas e equivocadas. É uma obra preconceituosa, que está formando a opinião de jovens, criando o preconceito e exclusão entre os adolescentes”, afirmou Herisson.

Harisson também conta que há um colega de sua irmã que é homossexual e foi obrigado a responder essas questões. Ele lembra que sofreu bastante quando estudou no colégio e se colocou no lugar do estudante.

“A gente quando criança ou adolescente passa uma grande parte da vida toda achando que somos uma coisa ruim para a sociedade, que nao temos voz e que iremos para o inferno. Isso nos assusta. Graças a Deus essa mentalidade acabou mudando em mim, mas muitos jovens não tem força para mudar”, defende.

“Eu pensei muito nesse estudante que é homossexual. Imagine ele respondendo e tendo que ler aquele texto. Como será a reação dos colegas em relação a ele? Como fica a cabeça dele? Um colégio tratar este tema dessa maneira faz com que homofóbicos acabem nos matando e alguns homossexuais suicidando”, afirma.

O CORREIO tentou contato com a unidade do Colégio Adventista, mas não obteve retorno.

Repercussão
O assunto repercutiu nas redes sociais e se tornou um dos mais comentados do Twitter brasileiro. Diversos internautas que se identificaram como ex-alunos de unidades do Colégio Adventista afirmaram que posturas homofóbicas são comuns dentro da instituição.

*Com orientação do Chefe de Reportagem Jorge Gauthier

Jorge Gauthier
Jorge Gauthier
Jornalista, adora Beyoncé e não abre mão de uma boa fechação! mesalte@redebahahia.com.br

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