Após comentários considerados homofóbicos feitos pelo ex-presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB/BA), Saul Quadros, contra o deputado federal David Miranda (PSol-RJ) e o jornalista Glenn Greenwald, o presidente da Comissão de Diversidade Sexual e Enfrentamento à Homofobia da OAB/BA, Filipe Garbelotto, informou ele que pode ser punido pelo tribunal de ética e disciplina da ordem.
Em uma postagem do deputado carioca, que é casado com o editor do site The Intercept Brasil, Quadros comentou: “Quem é o marido de quem? Ainda não consegui saber. Todos os dois são maridos! Não tem esposa não?”.
Ao CORREIO, Saul Quadros afirmou que o comentário “foi só uma brincadeira”.
Para Garbelotto, o ex-presidente da entidade de classe foi infeliz.
“Tem a dimensão no âmbito ético disciplinar e pode ser punível pelo tribunal de ética e disciplina da OAB e também na esfera criminal. Como o STF criminalizou a homofobia, ele pode ser punido também na esfera criminal”, comentou.
O presidente da Comissão de Diversidade Sexual e Enfrentamento à Homofobia informou que ainda está sendo avaliado o que será feito, as providências que serão tomadas, mas adiantou que a Ordem repreende fortemente esse comentário. “Ficou claro que é um comentário preconceiutuoso, umas postura homofóbica. Lamentamos por ser um ex-presidente da Ordem. Espero que ele seja responsabilizado tanto na esfera administrativa quanto na criminal”, afirmou.
Afastamento
A Universidade Católica do Salvador (Ucsal), onde Saul ensinou por 30 anos, também emitiu uma nota, nesta terça-feira (2), informando que “não compactua com posturas de cunho preconceituoso e repudia quaisquer manifestações que agridam a honra e a imagem das pessoas, respeitando a liberdade individual, pois estamos num Estado democrático e plural”. No comunicado divulgado no seu Instagram, a Ucsal informa ainda que Saul Quadros Filho não faz parte do quadro de colaboradores da instituição.
Outro lado
Em entrevista ao CORREIO, o ex-presidente da OAB-BA informou que há um ano não ensina mais na instituição.
“Ensinei na Católica por 30 anos, mas o tempo já acabou. Minha fala não teve cunho preconceituoso, foi um comentário na base da brincadeira, mas que acabou tendo uma repercussão sem sentido. Não quis agredir ninguém, mas o Brasil é um país de melindrosos. Foi só uma brincadeira”, comentou Saul Quadros.
A reportagem procurou a assessoria de comunicação da Ucsal para saber mais informações sobre o posicionamento da instituição, mas até o momento não teve retorno.