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Nada de depilação! Conheça o estilo ‘full bush’

Sabe aquele corpo lisinho que o sabonete escorre sem nem sentir?! Esqueça! Para quem é adepto do estilo ‘full bush’ (arbusto cheio em tradução livre) o que importa são os pelos por todas as partes do corpo sem direito a reclamação. Os pelinhos sobressaem em todas as partes do corpo: axilas, peitos, costas e obviamente na região pubiana. Torceu o bico? Faz parte. De fato, o estilo não é unanimidade. Em uma enquete feita pelo instagram do Me Salte, na semana passada, 63% das 489 pessoas que responderam disseram que não curtem o estilo e que preferem os arbustos aparados ou totalmente podados. Mas, hoje, vamos focar nos 37%.

O arquiteto Valter Novaes, 35 anos, faz parte desse grupo. Depois de viver o início da vida adulta refém das depilações resolveu abrir mão da cera/lâminas e afins. Agora, deixa os pelos tomarem conta do corpo e – a cada três meses – faz o que ele chama de ‘tosa higiênica’. “Dou aquela aparada com a tesoura só quando está ficando muito grande e começa a incomodar especialmente nas partes mais íntimas. É uma questão que faço só para facilitar a higiene, mas não curto mais ficar fazendo isso o tempo inteiro. Ganhei mais liberdade”, destaca.

A liberdade também foi o motivo pelo qual o industrial Gabriel Oliveira, 27 anos, ‘brigou’ com sua depiladora. “Todo mês me sentia refém de ir lá para fazer a depilação completa. Eu depilava tudo do pescoço pra baixo. Não fica nenhum pelo para contar história. O problema é que quando os pelos começavam a crescer eu ficava desconfortável. Eu deixava de sair com os boys só porque achava que tinha pelos de mais. Mas um dia eu tive um estalo que isso era bobagem e deixei tudo para trás. Hoje eu faço até trança se eu quiser. Agora me sinto livre”, reforça.

 

ENQUETE

 

O designer de interiores Robert Lino, 29 anos, é peludo e gosta de pelos (menos nas costas e na bunda). Ele já aparou, raspou. Fez de tudo. Uma vez usou lâmina e teve uma reação alérgica horrível. Decidiu repensar.

“Os pelos estão muito relacionados com a virilidade. É um traço natural e cada um tem um pelo diferente. vivemos em caixas e uma delas é a que me enquadro que é ser ursinho. Adoro meus pelos e se o boy for barbudo e peludo ele está disparado em vantagem”, conta ele que apara a barba uma vez por semana e que atualmente deixa os pelos grandes e naturais.

Casado atualmente, Robert ressalta que já perdeu pegações – via apps – só porque era peludo. “Uma vez um boyfez uma cara de nojinho porque disse que eu tinha muitos pelos. As pessoas acham que ter muito pelo é falta de higiene. Mas não é isso. Tem cinco anos que estou com meu novo boy que conheci no Carnaval. Quando ele passou a mão na minha barriga e sentiu que eu tinha pelos foi logo entrando em êxtase”, conta.

Dentro do universo das vaidades masculinas o estilo acaba sendo bastante associado à falta de cuidado. Mas não é nem de perto isso. O educador físico Jorge Novaes, de 28 anos, tem pelos prominentes no corpo inteiro. Diariamente usa cremes e produtos específicos para cada tipo de pelo. “Eu gasto, por mês cerca de R$500 para cuidar dos pelos do meu corpo. Uso creme e loção para a barba. Uso hidratante para as pernas e nos da região íntima eu uso um produto que funciona como um reparador de pontas e hidratante para ficar tudo cheiroso, hidratado e limpo. Peludo sim, porquinho não”, ressalta.

Ele diz que dá atenção especial aos pelos das regiões pubianas. “Lá tem que ter um tratamento vip. Afinal, não dá pra deixar a área de lazer muito  bagunçada”, diz.

É óbvio que o estilo não é de hoje, mas em 2015, a revista Cosmopolitan falava numa tendência de nicho que poderia, ou não, estar a vingar: o chamado “full bush” (arbusto cheio) onde os pelos queriam mesmo ser-se vistos a “fugir” das peças íntimas.  A ideia era mesmo deixar-se um “montinho” percetível. Já em 2014, a famosa marca American Apparel tinha colocado manequins “peludos” nas suas montras, numa tentativa de apelar à beleza natural feminina no seu todo, onde sexy e conforto podem andar juntos.

O estilo, segundo as meninas consultadas pela reportagem, é motivo de ‘torcida de bico’ de muitas mulheres (aqui o papo é mais complexo) mas, segundo a comerciária Valéria Nogueira, 32 anos, que é casada com a também comerciária Norma Dantas, 49 anos, as mulheres são menos criteriosas nesses aspectos. “Eu percebo entre os meus amigos gays e também os heteros que eles se preocupam mais com essa questão de ter feito ou não ter feito a depilação para poder ficar com outra pessoa. Acho que entre as lésbicas há um gerenciamento melhor disso. Aqui em casa mesmo a mata atlântica é predominante. Não tem esse negócio de brincar só se tiver depiladinha”, pondera.

Quem também pondera  essa maior flexibilidade com os pelos entre as mulheres é educadora Verônica Lima, de 18 anos. “Eu desde quando me entendi por gente que deixei os pelos livres. De mulher para mulher é mais tranquila essa percepção quanto aos pelos corporais. Acho que uma mulher entende mais a outra que não está com a virilha depilada”.

Renata Brasileiro, dermatologista da Clínica Osmilto Brandão e da Derma Facce, explica que tem mais pelos precisa ter mais cuidado. “Devemos dar maior atenção à higiene dessas áreas, uma vez que a maior densidade de pelos leva a uma maior sudorese e consequente aumento da umidade local. O aumento da umidade por sua vez aumenta a chance de proliferação fúngica e bacteriana, o que pode tornar infecções mais frequentes”, explica.

A dermatologista esclarece que a regularidade das depilações – para quem gosta delas – vai depender do tipo. “No geral, as depilações a laser ou cera quente requerem intervalo de 30 dias, que é o tempo necessário para um novo pelo crescer. Na depilação com lâmina, máquina ou creme depilatório apenas a parte externa do pelo é retirada, então logo após alguns dias já pode ser visualizado novo pelinho crescendo. O ideal é que se aguarde um período mínimo de 20 dias para diminuir a agressão à pele. Só que justamente por causa do rápido aparecimento dos pelos, quem opta por essa modalidade acaba dando curtos intervalos entre as sessões e consequentemente agride mais a pele, podendo levar a hiperpigmentação da área ou dermatites irritativas. Embora seja o mais comum, a depilação das regiões de axila e decote (ou outras áreas) não são obrigatórias, desde que a higiene do local não fique prejudicada e não haja casos de infecção recorrente”, afirma.

Ou seja, seja como você quiser e se cuide 🙂

Jorge Gauthier
Jorge Gauthier
Jornalista, adora Beyoncé e não abre mão de uma boa fechação! mesalte@redebahahia.com.br

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