Preciso confessar. Eu sempre me achei meio extraterrestre quando o assunto era o caminho profissional. Vi muitas caretas na cara de cada nova pessoa que ficava sabendo da minha decisão de abandonar o Direito pela vontade de ser jornalista. Fossem advogados, que ainda se agarram ao tal prestígio da profissão, ou jornalistas, que acham que têm a pior realidade profissional do planeta, a regra era receber uma reação negativa.
Por isso, no primeiro dia do Correio de Futuro, quando fizemos aquelas dinâmicas com o RH para nos conhecermos, eu descobri que não era o único alien que, de advogado, tinha virado estudante de comunicação. Senti um alento. Eu não estava sozinho. Tinha alguém parecido comigo, ali, naquela sala, escolhida dentre 109 inscritos para ser um de nós oito. Nós não podíamos ser assim tão únicos, ou éramos. O que importa é que essa semelhança me confortou e foi por ela que eu decidi escolher Anuska Meirelles para o desafio dos perfis.
Vai ser divertido, pesei. Afinal, somos parecidos. Sabe o que eu descobri? O mais legal de escrever esse texto foi tentar identificar, também, as diferenças. Que são bem mais expressivas do que os pontos convergentes das nossas caminhadas. Anuska é apenas um ano mais velha que eu. Tenho 28 e ela, 29 (uma quase semelhança). Mas se você perguntar para qualquer futuro quem é o adulto maduro e decidido do nosso grupo, a resposta viria em uníssono: ANUSKA! Quantas vezes nos perguntamos, rindo, “será que Anuska vai querer ir pra um boteco barato depois do expediente?” A gente só imagina ela, numa sexta-feira, segurando uma taça de Veuve Clicquot (um champagne chique que eu pesquisei, porque, obviamente, não entendo nada), ouvindo jazz e comendo queijos com nomes franceses. Enquanto a gente marca de se encontrar num show de Léo Santana, ela prefere shows na Concha! Culta, vejam só.
Mas calma! Tudo isso é pra dizer da pessoa madura e competente que ela é. A seriedade vai até a página 3 (ou 15, porque ela é um pouco mais séria do que conta a expressão). Mas foi de Anuska a ideia de se esconder correndo depois do almoço para Moura pensar que tínhamos deixado ele pra trás. Afinal, até a mais madura das criaturas adoraria pregar uma peça no meu querido xará. Assim, pela brincadeira de Anuska, nós ficamos conhecidos na Rede Bahia como a turma do Futuro que só anda junta e brinca de esconde-esconde. Talvez não tão maduros assim…
Na nossa lista de micos, os dela seriam leves. Empurrou a porta do restaurante pro lado errado com força fazendo um pequeno estrondo e foi barrada na catraca antes do lanche porque esqueceu de passar o crachá na saída do dia anterior – eu também experimentei a sensação; mais uma semelhança. Mas com certeza, quer saber o mico que ela não vai esquecer? Ter dito a uma reporter que ela parecia ter 5 anos a mais do que registrava a identidade. “Você é tão madura, experiente”, justificou ela, vermelha de vergonha. Dizem que a gente vê no outro características que temos em nós. A maturidade ela já tem. A experiência, está correndo atrás.
Aliás, se eu fosse escolher uma característica dela para transformar em mais uma de nossas semelhanças, acho que pegaria um pouco da sua determinação. Ainda durante a fase de palestras do programa, ela se interessou pela parte de design do jornal. No outro dia, já tinha pesquisado cursos. Sempre demonstrou interesse pela área de telejornalismo e, enquanto eu escrevo esse texto, ela já está empregada como estagiária na área que sempre sonhou trabalhar: televisão!
Cada vez mais jornalista, e menos advogada, Anuska ainda carrega o hábito de escrever bastante – e sofrer pra transformar cinco parágrafos em um. Diante de semelhante desafio, ela tentou vencer Maria Ísis, uma das consultoras do programa, no argumento. E conseguiu! Mais um resquício do Direito, acredito. Ganhou mais um parágrafo. Tudo bem, ela mandou três, porque a síntese é um exercício que implica um pouco de sofrimento em quem aprendeu a escrever em juridiquês.
A maturidade, determinação e empenho se misturam às 19 tatuagens e mostram que Anuska é, de fato, dona de si! Do seu jeito, ela faz valer suas vontades, encontra seus caminhos, toma as rédeas do seu próprio tempo. E se você está se perguntando o porquê do título, eu te explico. Em um dos últimos dias de Correio de Futuro, Anuska deixou escapar a maravilhosa aspa: “Gente, eu sou antiga”. A frase era tão incrível que não podia deixar de estar no texto. Então inspirou o título. Mas, agora, com o perfil todo escrito acho que esse tempo se transformou. “No tempo de Anuska”, para mim, não faz referência à essa antiguidade. O tempo é de Anuska porque ela, com certeza, faz dele o que quiser!