Mulher lésbica, Jandira Mawusí Santana tem 48 anos, tem 48 anos e é pedagoga e educadora social. Ela concorre pela primeira vez à Câmara de Vereadores de Salvador e, por ser uma pessoa LGBTQUIA+, foi convidada pelo Me Salte para explicar suas propostas para a população.
Conte um pouco sobre sua trajetória no movimento LGBTQIA+? Qual o principal projeto de vocês para a comunidade LGBQIA?
Minha trajetória se da a partir do entendimento e reconhecimento da minha sexualidade enquanto lésbica. Isso, se da a partir dos 18 anos, quando pude de fato entender meu corpo, meu desejo por outra mulher. Isso acontece quando chego ao centro da cidade, e vejo mulheres parecidas comigo, vivendo sua condição lésbica de maneira possível, daí faço um curso de raça, gênero e sexualidade no CEAFRO/UFBA, que foi um divisor em minha vida. Nesse encontro, começo a participar das discussões sobre se entender, para entender os outros.
Trabalharemos para a criação de um projeto de cotas para pessoas trans e travestis em programas de moradia, além do fortalecimento das casas de acolhimento. É urgente realizar o fortalecimento dos núcleos, ambulatórios e instituições que atendem à população LGBTQIA+, a partir do estreitamento nas interações entre as políticas municipais e as necessidades de saúde para nossa comunidade, sem esquecer quesito fundamental para sua execução, viabilizar um Programa de Educação de Gênero e Sexualidade para profissionais da saúde no atendimento ao público LGBTQIA+.
A composição da câmara de vereadores é sempre uma surpresa, mas tradicionalmente elege-se representantes das chamadas bancadas da ‘bala’, da ‘bíblia’ que não costumam ser muito sensíveis às demandas da comunidade LGBTQIA; Como você pretende dialogar nessse sentido?
Deste contexto, que historicamente nos desfavorece, extraímos a importância das candidaturas LGBTQIA+ se elegerem, quantas mais forem possíveis. Não temos mais como esperar pela sensibilização, seja dentro ou fora da esfera do poder público em nossa cidade. Dentro, entraremos na busca de direitos, que não nos podem mais ser negados. Diálogo é a base, mas a empatia, verdadeiramente, é um movimento autoral.
Apesar de se candidatar como candidate LGBTQIA+ caso você vença representará 3 milhões de soteropolitanos. Quais são suas propostas para o restante da cidade e como pretende lidar com o preconceito?
Pensar como candidate LGBTQIA+ engloba muito. É um ponto de partida amplo. As políticas públicas surgidas de ações afirmativas para os muitos grupos sociais se tornam globais tendo em vista o entorno no qual cada membro, em cada grupo, está inserido. Quando se pensa em saúde da mulher, se pensa na saúde da mãe, que impacta aos demais a ela conectados. Assim também é para qualquer um de nós LGBTQIA+, que somos, mulheres, homens, cis, trans, que possuem familiares, amigos, vizinhos, colegas e por aí vai. Quando penso em preconceito, penso em minha trajetória até aqui, onde ele existir, eu resistirei.
Como pretende ser a sua atuação caso seja vereadore de oposição ou do governo a depender de quem conquistar a prefeitura?
Entendo que um cargo eletivo não deva trabalhar com “a depender”. A minha atuação está posta no programa de campanha e atenderá, com compromisso, aos eleitores que a mim confiarem seu voto, por consequência, a toda sociedade soteropolitana. Estarei afinada com o pensamento que nos leve a uma sociedade em progresso, defendendo e votando em prol do bem-estar social, focado nas populações, estas sim, majoritárias nesta cidade. Somos 82,01% de negros e 54% de mulheres, diversos sexualmente, é um bom começo interseccional.