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Urgente: a parada LGBT da Bahia precisa ser remodelada!

A parada LGBT da Bahia é uma importante celebração de luta por direitos e simbolicamente exerce um fundamental papel de marcador social. Neste domingo (10) foi lindo de ver o mar de gente lotando as ruas do Centro de Salvador ao som das canções eletrônicas e do funk (e até mesmo do tão polêmico pagode). Foi emocionante ver (de volta) as famílias ocupando em peso as janelas dos prédios da rua Carlos Gomes. E o bonde de lacração que lotou todos os lados do trio da Uber atrás de Karol Conká, Valesca e Lorena Simpson? Foi choque ver as bees quebrando tudo no asfalto.

Mas toda a beleza dos cílios coloridos das drags e performances é sempre manchada pelos vândalos, ladrões e marginais que se infiltram na parada apenas para semear a violência. Esse ano até um container de deposito de lixo chegou a ser incendiado. Isso aconteceu no ano em que o tema da parada era justamente um pedido de paz.

Todos os anos eu reflito sobre isso e sempre é a mesma coisa. Até quando? A parada precisa ser reconstruída na sua essência para atrair, de fato, pessoas que são engajadas com as causas LGBTs.

As fantasias coloridas são lindas, belas e artísticas, mas não podemos ficar somente nisso. Onde estão as mensagens e vozes da militância? De cima do trio ou atrás dele, vi e ouvi muitas vozes que apenas queriam o close pelo close. Não adianta. O close sozinho não consegue ser instrumento transformador. Aqui destaco o fundamental e maravilhoso trio das pessoas trans que uniu as duas coisas: discursos empoderados e aquele close básico com fantasias babadeiras a exemplo do look diaba de Tanucha Taylor.

É preciso que as pessoas (e não somente os militantes) se engajem na luta e nas falas. Poucos foram os grupos que se manistaram tentando fomentar a discussão para a visibilidade dos nossos direitos – a exemplo do que fez o coletivo Famílias pela Diversidade que levaram faixas para a Praça do Campo Grande.

Foto: Reprodução

Foto: Reprodução

Os extremos são sempre perigosos. Não acredito que a parada deva virar um ato panfletário apenas. Contudo, não podemos torná-la somente no dia do ano de catarse das fantasias. Isso parte desde a organização até em quem bota seu salto (ou tênis) para ir para a rua.

E será que estamos interessados nas discussões? Esse é o ponto que mais me causa mais observação. Durante a semana anterior à parada ocorreram várias rodas de debates e discussões sobre os LGBTs. Mas, em muitas, foram apenas uns gatos pingados. Onde as pessoas que estavam ontem na rua lacrando estavam? A construção de uma nova parada não depende apenas do Grupo Gay da Bahia (GGB), que está a frente da organização. Ela tem que ser feita de forma coletiva e organizada para que as vozes sejam ouvidos e haja representatividade.

Maíra reinou sozinha. Flora Gil não foi

Maíra reinou sozinha. Flora Gil não foi

O comprometimento da classe artística é outro ponto que merece atenção. O chamariz de mídia das paradas sempre foi – e continuará sendo – a presença das madrinhas e padrinhos. Este ano, o GGB optou por duas madrinhas: a jornalista Maíra Azevedo (Tia Má) e a produtora cultural Flora Gil. Na hora da coroação apenas Maíra subiu no trio. Flora não apareceu e, até agora, segundo o GGB, não explicou o motivo da ausência. Close erradíssimo.

Maíra é um exemplo de tipo de pessoa não LGBT que precisamos agregar ao movimento. Mesmo estando em obrigação religiosa, ela participou do evento e mostrou – em falas – o que faz na prática: RESPEITA os LGBTs e PARTICIPA da LUTA através do poder que tem na mídia.

Muitxs artistas e personalidades precisam se exemplar em Maíra. Muitas pessoas (vale aqui a consciência de cada um) – foram convidadas pelo GGB para participar do evento e desistiram de última hora por questões financeiras. Mas, na hora de querer o famoso pink money essas mesmas pessoas ficam sorrindo. Precisamos observar isso de perto e promover a defenestração dessas pessoas.

Para 2018, Marcelo Cerqueira, presidente do GGB, já estuda mudanças. “Quero que ano que vem a parada saia 12h e não 16h. Queremos encerrar a parada no pôr-do-sol. A parada é um um instrumento importante. Cada um está lá por um motivo. Lá é um circuito nosso, um território onde aparecem outros indivíduos para no fazer mal. Isso repercute no nosso dia a dia. Os outros movimentos precisam se aproveitar, integrar e fortalecer o evento. Um dia a parada tem que acabar. Ela é uma ferramenta de um processo maior. Com erros e acertos ela vai acabar um dia”

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Foto: Evandro Veiga/CORREIO

“O esquadrão de Motociclistas Águia atuou no controle e ordenamento do fluxo de veículos em torno da  festa. O esquema foi fortalecido de acordo com a estratégia aplicada no ano anterior, com patrulhas nas entradas e saídas do circuito e outras acompanhando os trios. Foram montados quatro postos de reunião de tropa, com o emprego de 30 patrulhas em pontos estratégicos como no Teatro Castro Alves, Praça da Piedade, Praça Castro Alves e na Avenida Carlos Gomes”, disse a PM ressaltando que não atendeu a ocorrências de natureza grave no circuito.

Dito isso, proponho que TODOS pensem em como podem colaborar para fortalecer a Parada. Lacrar é bom, mas precisamos nos engajar para fortalecer e dar uma utilidade maior à Parada do que postar uma foto glamourosa no Facebook ou Instagram em troca de alguns likes. Fica a dica!

Quer ajudar a construir a parada LGBT de 2018? Mande sua sugestão por e-mail para> ggbbahia@gmail.com

Veja as fotos do evento nos cliques do fotógrafo Evandro Veiga

Jorge Gauthier
Jorge Gauthier
Jornalista, adora Beyoncé e não abre mão de uma boa fechação! mesalte@redebahahia.com.br

6 Comentários

  1. Ed lima disse:

    Ele deveria parar de olhar só o lado dele e olhar o lado de outras pessoas tbm a parada gay de slavador já foi boa mas de uns anos para cá só se ver falar em violência e morte…
    Ele deveria tbm mudar o circuito e ir pra barra só a parada de Salvador que não é em frente a uma orla onde os públicos LGBT se encontra nas praias.

  2. Caio Vinicius disse:

    Eu recebi um convite para participar da parada gay ontem em um trio e puder perceber o quando essa parada e carente. Precisa urgentemente de uma visibilidade melhor, essa macha precisa de um novo local Barra/Ondina como opção, precisa de patrocinadores e SEGURANÇA. Um dos grandes problemas e a falta de segurança isso faz que o público LGBT não frequente essa macha. O GGB deveria se juntar ao empresários baianos com estabelecimentos voltados ao público gay para construir uma parada melhor e atrair não só o público LGBT baiano como os turistas.

  3. Milena disse:

    Eu fui prestigiar o maravilhoso evento mas como a própria matéria já diz os vândalos, ladrões e marginais acabam transformando a festa em baderna e me desculpa o policial que informou que não atendeu ocorrência de natureza grave mas infelizmente aconteceu sim um homem recebeu um tiro por volta às 18 horas na Carlos Gomes.

  4. Caíque Melo disse:

    Mudança de local? Até pode ser… Mas o Centro tem sua grande representação na causa, começando pelo Ancora do Marujo.
    A PM estava mais de enfeite do que de guarda civil, na real. Curti tranquilamente, até que na Casa D’Italia 5 caras me cercaram pegando no meu bolso e consegui me sair… Mas ouvi relatos bem piores, de agressão física.

  5. Glauber disse:

    Não somente a Parada Gay necessita ser remodelada, mas a mídia LGBT precisa ser remodelada. Uma mídia que critica, mas não mostra os fatos. Mostra a beleza e faz vista grossa para o lado sombrio que os lgbts são obrigado a vivenciar. A mídia baiana fica minha mensagem: #somostodosdandara

  6. Marcos disse:

    Parada gay! Onde mesmo? Ja aconteceu? Nao vir! Sabe pq acabou parada gay! Parada gay e para dar close e sim e o dia de quem estar no armário sair! Blz ótimo, mais cadê a verdadeira intenção ? Parada gay e os GLBT protestaram revidicar seus direitos onde a sociedade so dar obrigações! Pq marginais vão parada gay? Pq os gays gostam de marginais gostam de se drogar de ficarem lerda! Nada contra quem usa suas drogas mais na rua para ficarem lerda tendo alucinações e depois e na delegacia dar queixa dizer que foi roubada por ser gay! Para que ta feio! Enquanto os GLBT nao se concientizar que se eles nao correm atrás nao mostrarem que merecem tais direitos nao vai ser deputado, prefeito, governador, senador e nem presidente! Eles estao em suas mansões com seus seguranças e vocês a qualquer momentos somando mais uma estatística de mais um morto! Acorda BRASIL! Se formos olhar de uns anos para alguns gays tem sido assassinados por outro gay NAO mais sim por um hetero que se classifica como bissexual (logo me lembra bipolar)em troca de drogas e dinheiro. Então ta morrendo ta mais cada um ta procurando o seu fim infelizmente.

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