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Ufba sediará seminário para discutir a medicalização da existência

Entre quarta-feira (8) até sábado (11), a Universidade Federal da Bahia (Ufba) sediará o V Seminário Internacional A Educação Medicalizada. Com o tema “Existirmos, a que será que se destina?”, o evento gratuito tem como objetivo central discutir o fenômeno da medicalização da existência sob a ótica dos atravessamentos de gênero, raça, classe, território, deficiência/capacidade e geração.

A programação vai acontecer na Faculdade de Educação (Faced), no campus do Canela e no Salão Nobre da Reitoria. O seminário terá mesas redondas, apresentação de trabalhos em formato de rodas de conversa com presença de professores da Ufba, Universidade Federal do Recôncavo da Bahia, Universidade Federal de São Paulo e convidados da Universidad de Chile e Universidad de Colombia. Além disso estão previstas programações culturais, que devem acontecer no Largo do Campo Grande.

O V Seminário Internacional A Educação Medicalizada é uma realização do Fórum Nacional sobre Medicalização da Educação e da Sociedade. O fórum é um movimento social que reúne outros movimentos sociais, entidades e pessoas engajadas no enfrentamento dos processos de medicalização da vida.

“A gente medicaliza quando olha para situações complexas, com diversos fatores envolvidos, como se fossem somente problemas individuais de saúde”, explica Lygia Viegas, psicóloga, pesquisadora da Faculdade de Educação da Ufba e membro do Fórum Nacional sobre Medicalização da Educação e da Sociedade.

Entende-se no Fórum que a medicalização vai além da questão da produção de diagnósticos em larga escala, bem como do uso desenfreado de medicamentos, mormente no campo da saúde mental, embora tenha nesses dois fenômenos um importante termômetro.

A medicalização envolve um tipo de racionalidade determinista que desconsidera a complexidade da vida humana, reduzindo-a a questões de cunho individual, seja em seu aspecto orgânico, seja em seu aspecto psíquico, seja em uma leitura restrita e naturalizada dos aspectos sociais.

De acordo com essa concepção características comportamentais são tomadas apenas a partir da perspectiva do indivíduo isolado, que passaria a ser o único responsável por sua inadaptação às normas e padrões sociais dominantes impostos pela racionalidade colonialista. A medicalização é terreno fértil para os fenômenos da patologização, da psiquiatrização, da psicologização e da criminalização das diferenças, da pobreza e das lutas.

Sabe-se que muitos fatores sociais e econômicos afetam a disposição das pessoas para enfrentar desafios da vida. Trabalhar exaustivamente, muitas vezes em ambientes hostis e competitivos, sem saber se a conta vai fechar no final do mês, deixa a maior parte da população aflita e entristecida, por exemplo. Essa não é uma questão médica e não será resolvida individualmente, ela é atravessada por muitas coisas.

“A crise econômica e política que estamos vivendo tem nos roubado a esperança, não é mesmo? Então, o que queremos colocar em debate é a necessidade de repensarmos, coletivamente, nossas formas de (con)viver, criando jeitos que não nos roubem a esperança e o sentido de seguir adiante”, complementa Lygia.

Mais informações no site: http://seminario5.medicalizacao.org.br/

Jorge Gauthier
Jorge Gauthier
Jornalista, adora Beyoncé e não abre mão de uma boa fechação! mesalte@redebahahia.com.br

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