Duas mulheres transsexuais entraram ontem com uma denúncia, através da Defensoria Pública da Bahia, contra uma clínica de bronzeamento artificial de Salvador que se recusou a prestar atendimento a elas por serem trans. Antes de irem para defensoria, o caso foi denunciado por Patrícia Menezes Bacelar, 20, e Bruna Souza, 21, pelas redes sociais onde elas mostraram print das telas da conversa que elas tiveram, pelo WhatsApp, com a responsável pelo estabelecimento localizado no bairro da Boca do Rio, em Salvador. “Ela percebeu que nós eramos  trans e falou que não poderia nos atender pelo fato de lá ser um prédio residencial, que era um lugar de respeito”, explicou Patrícia.
Em outro trecho da conversa delas com a proprietária, segundo Patrícia, disse que quando se mudasse para uma casa poderia atendê-las. “Ela itou que quando mudasse iria separar um dia pras trans como se a gente não tivesse direito de estar junto com outras mulheres. Estou muito revoltada com tudo isso”, reclamou Patrícia.
Ao Me Salte, a proprietária do estabelecimento, que pediu para não ter o nome revelado, confirmou que realmente não fez o atendimento seguindo recomendação do prédio onde reside, mas explicou que não teve intenções transfóbicas. “Eu já atendi outras transsexuais. Mas, o tipo de procedimento que eu faço – marca de biquíni com fitas para bronzear – não pode ser feito na trans que tem o órgão masculino. De nenhuma forma eu discriminei elas. O proprietário do prédio onde eu moro e trabalho que pediu que não atendesse mais as trans porque elas tinham comportamento inadequado no prédio, falavam alto, brigavam com as pessoas”, defendeu-se a empresária que montou o negócio em Salvador há 18 meses. Ela era de Goiânia. Cada atendimento custa, em média, R$ 100.
A empresária disse que tem buscado o diálogo, através de advogado, Â com as denunciantes para tentar resolver o problema. Ela afirmou ainda temer os efeitos da repercussão do caso para o seu negócio e segurança. “Quero buscar o diálogo. Tenho clientes minhas trans que são minhas amigas até hoje. Eu temo pela repercussão negativa dessa denúncia, pois dependo do meu trabalho para sobreviver”, afirmou.
Hoje, Patrícia e Bruna registrarão o caso na 9ª Delegacia (Boca do Rio).