Desde o dia 5 de maio o desejo dos amigos, parentes e conhecidos do homem trans Têu Nascimento – que teve sua casa revirada, roubada e foi brutalmente assassinado em Salvador – é por Justiça. Após 40 dias da morte – completados nesta terça-feira (13) – ninguém ainda foi preso ou mesmo foram divulgadas as causas que levaram ao assassinato.
“Até agora a Justiça não tem nada a nos dizer. A minha vida ainda está parada. Meu sofrimento é imenso. Minha dor é maior ainda. O que devo pensar em justiça ? Você é um filho muito amado e tenho certeza que as mãos de Deus estão constantemente ao seu lado e os anjos te protegendo para quando nós encontraremos novamente. Meu coração está oco, ferido”, desabafou a mãe do jovem, Rosângela Maria.
Em contato com o Me Salte, o coletivo Famílias pela Diversidade fez uma carta pedindo Justiça e celeridade nas investigações. Confira abaixo a carta:
“Nós, do movimento Famílias pela Diversidade, gritamos num só coro. A vida dos gays, lésbicas e de todos trans importam. Lutamos contra todas as formas de violência e opressão.
Nenhum LGBT a menos.
Que Rose, mãe biológica de Teu, no seu esforço de transformar dor em luta, seja atendida em todos os sentidos.
Que a justiça esclareça o caso.
Que o movimento Famílias pela Diversidade conquiste mais frutos na luta por políticas públicas para os LGBT e por uma sociedade justa, livre de todas as formas de opressão e preconceito.
Teu,presente!”
Crime sem resposta
Segundo a Secretaria de Segurança Pública (SSP), o crime aconteceu na sexta-feira (05). O corpo do jovem foi encontrado na Rua da Rodagem, com tiros na cabeça e marcas de espancamento, por volta das 7h30. De acordo com dados do Grupo Gay da Bahia (GGB), cerca de 343 LGBT’s (lésbicas, gays, bissexuais e transexuais) foram assassinados no Brasil, em 2016. Na Bahia foram 32 casos.
Segundo Marcelo Cerqueira, presidente do grupo, essa é a primeira ocorrência envolvendo um homem trans. “Esse é um caso que deixou a comunidade em alerta, a forma como ele foi morto denúncia o ódio e vontade do executor de exterminar a vítima. A partir de agora, vamos buscar uma metodológica que busque soluções dessa comunidade que ainda é pequena nas estatísticas”, explica.
O Me Salte seguirá diariamente cobrando das autoridades uma resposta para a morte de Têu. Procurada pelo Me Salte, a SSP não informou, até a publicação desta reportagem, o andamento das investigações nem se há algum indicativo de quando o caso será solucionado.