Texto: Nilson Marinho

Três dias depois que o jovem Thadeu Nascimento, 24 anos, homem trans, foi encontrado morto em São Cristóvão, na sexta-feira (5), os familiares dele ainda procuram respostas para o que teria motivado o crime. O corpo de Têu, como ele era conhecido entre os amigos, foi sepultado na manhã desta segunda-feira (8), no cemitério do Campo Santo, na Federação.

O corpo de Têu foi velado por cerca de 10 minutos e, em seguida, teve início o cortejo fúnebre. Emocionada, a avó materna dele, a aposentada Antônia Margarida, 66, estava inconsolada com o assassinato do neto. “Quem fez isso vai pagar. Por que não foi eu? Por que não fizeram isso comigo? Recebi um telefonema há uma semana, ele me disse para continuar tomando os meus remédios porque não queria me perder cedo”, disse ela, que precisou ser amparada por alguns familiares.

Foto: Evandro Veiga/correio

Foto: Evandro Veiga/correio

O drama da avó e do restante da família começou na última sexta-feira (5), quando Têu não apareceu na loja de informática, onde trabalhava como vendedor. Depois de várias ligações sem sucesso, a mãe do jovem, Rosângela Maria, foi até a casa onde ele morava sozinho há cerca de cinco meses – um apartamento em Fazenda Grande 3, no bairro de Cajazeiras.

Quando Rosângela chegou ao local o portão estava fechado e sem trinco, enquanto o imóvel estava vazio. Foi aí que começou a busca pelo jovem. Têu foi localizado somente na noite do dia seguinte, quando o corpo dele foi reconhecido pela família no Instituto Médico Legal Nina Rodrigues (IML).

Segundo a Secretaria de Segurança Pública (SSP), o crime aconteceu na própria sexta-feira. O corpo do jovem foi encontrado na Rua da Rodagem, com tiros na cabeça e marcas de espancamento, por volta das 7h30. Na manhã desta segunda, Rosângela pediu por justiça. “O que tinha de errado? Ele sabia que eu o amava, era meu confidente, meu amigo. Por que fizeram isso”, indagava.

De acordo com dados do Grupo Gay da Bahia (GGB), cerca de 343 LGBT’s (lésbicas, gays, bissexuais e transexuais) foram assassinados no Brasil, em 2016. Na Bahia foram 32 casos. Segundo Marcelo Cerqueira, presidente do grupo, essa é a primeira ocorrência envolvendo um homem trans. “Esse é um caso que deixou a comunidade em alerta, a forma como ele foi morto denúncia o ódio e vontade do executor de exterminar a vítima. A partir de agora, vamos buscar uma metodológica que busque soluções dessa comunidade que ainda é pequena nas estatísticas”, explica.

A coordenadora do projeto Mães pela diversidade, Inês Silva, também esteve no sepultamento. Ela contou que a cada 25h um LGBT é assassinado no Brasil – o número faz do país o campeão mundial de crimes contra as minorias sexuais. “Eu não posso imaginar a dor que ela está sentindo, é comum abrirmos os noticiários e encontrar casos de relacionais à transfobia”, afirmou.

O caso está sendo investigado pelo Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP). Ninguém foi preso e a polícia não informou se existem suspeitos. De acordo SSP, os policiais já definiram uma linha de investigação, mas os detalhes não foram informados.

O Me Salte seguirá diariamente cobrando das autoridades uma resposta para a morte de Têu. 

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