As águas límpidas de Morro de São Paulo ganharam as cores do arco-íris e transformaram a ilha do baixo sul da Bahia em território da diversidade sob comando de Ivete Sangalo. Quando o sol se pôs na tarde deste sábado (3) Ivete subiu no palco de 17 metros montado na ilha em sua estreia no balneário. Na plateia cerca de 4 mil pessoas, a maioria homens gays, que lotaram 60 hotéis da ilha no San Island Weekend que ganharam um look cristalizado da deusa.

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O colorido veio dos 40 mil cristais da roupa da cantora. Ela mesma desenhou o figurino – um body branco com a bandeira LGBT – que foi executado pela estilista transexual Michelly Xis. “O público LGBT me olha com admiração e não com cobrança . Se eu subir agora de tênis e camiseta vocês iriam gostar. Esse público é meu público desde o início da minha carreira . Eu poderia vir aqui lacrando com essa roupa ou só com uma camisa escrita a palavra respeito. Não me lembro de um show meu em que o público LGBTs não estava lá junto com ouros públicos”, contou Ivete em entrevista exclusiva ao Me Salte, canal LGBT hospedado no site do jornal Correio (BA).

A felicidade dos fãs aumentou a cada hit de Ivete cantado para fãs de 25 estados brasileiros e mais de 10 países numa só voz: o desejo da liberdade e respeito à orientação sexual. Ao comentar sobre o preconceito, Ivete mandou o recado para quem não respeita a diversidade: “Eu não vou falar que isso é ignorância porque seria ofensivo com a opinião das outras pessoas. O princípio deve ser o respeito. A felicidade independe de sexualidade e de religião.”

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A madrinha da festa – que aproveitou para mostrar pique e energia de menina ante seus 45 anos completados recentemente – fez coro na busca pelo respeito à diversidade. Ela diz, inclusive, que conversa com seu filho, Marcelo, de 7 anos, sobre o direito de casais do mesmo sexo vivem juntos e se amando. “O ponto de partida deve ser o respeito. Falo todo dia pra o meu filho: você quer alguém separe sua que seu pai e sua mãe se separem a gente se amando? Não é justo com ninguém isso só porque tem uma orientação sexual diferente. Tem que respeitar”, afirmou no bate papo com o Me Salte referindo-se à comparação que faz do relacionamento dela com o nutricionista Daniel Cady com de outros casais incluindo aqueles formados por pessoas do mesmo sexo.

Madrinha é pouco pra ela. Na verdade é rainha mesmo. Ela recebeu no palco de uma fã uma coroa e fez graça: “Eu me contentava em ser princesa mas já que vocês falam que eu sou rainha eu aceito”.

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Não apenas quem estava dentro da festa aproveitou o show de Ivete. Na praia em frente ao local onde o show aconteceu até barcos estavam atracados para ver a apresentação. Já no finalzinho do show Ivete apresentou sua nova música de trabalho chamada de Não Para. “É um arrocha técnico meio doida aí”. Ivete ainda promoveu um pedido triplo de casamento : de um casal gay, um hétero e um lésbico em cima do palco. “O importante é amar meu povo. Sejam felizes e não deixem que ninguém digam pra vocês o que devem fazer”, disse.

Ainda teve direito a participação da cantora Carla Cristina (ex-As Meninas) e também apresentação de Ivete junto com grupo teatral que tinha no elenco a cantora transexual Bianca Novaes.

Chupa rola

Irreverente, Ivete brincou com o público ao ouvir em coro o refrão da música ‘Chupa Toda (Céu da Boca)’. Após o fim de uma das músicas, o público começou a cantar “E aí, chupa, rol@”, no refrão da música. Ivete ouviu a plateia e brincou: “Meu Deus, coincidiu porque eu também gosto!”, para alegria dos fãs. A partir daí, a cantora e o público só passaram a cantar o refrão adaptado da música. Assista!


Festa
Ivete foi a grande atração do festival San Island Weekend, promovido pelo grupo San Sebastian, que deste sexta (2) e até hoje (4) mesclou o som do axé music de Ivete com a batida de 18 DJs nacionais e internacionais que compõem a grade de atrações do evento.

“Sim, somos a maioria gays aqui no festival e nesse final de semana Morro de São Paulo foi bonito ver casais andando de mãos dadas no meio da rua. Nos tornamos maioria respeitada mesmo que pela imposição econômica já que com o festival houve um grande impulso na economia da ilha”, argumentou o administrador carioca Paulo Dantas, 34.

Mas como o caminho pelo respeito às liberdades individuais ainda é longo faltou, em alguns casos, treinamento do comércio local para o atendimento ao público LGBT. Não foram poucas as piadinhas, palavras de desrespeito e até mesmo insultos ouvidos pelas estreitas vielas da ilha. Sim, essas ofensas incomodam quem são seus alvos mas, pelo menos nesse final de semana em Morro, a fechação venceu o preconceito.

E agora Ivete já deu o recado : respeitar é o caminho e ponto!

Confira os cliques babadeiros de Sércio Freitas/Divulgação 

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