Rogéria, que fez bastante sucesso nos anos 1970, está lançando sua biografia Rogéria – Uma Mulher e Mais um Pouco (Estação Brasil | R$ 44,90 | 271 págs.). Em entrevista ao jornalista Hagamenon Brito, do CORREIO, Rogéria disse que se identifica como “o” travesti – isso mesmo no masculino ao contrário do que é normalmente usado para se referir à s travestis no feminino.
Para Keila Simpson, presidente da Associação Nacional de Travestis e Transexuais (Antra) o posicionamento de Rogéria de se identificar no artigo masculino deve ser respeitado, apesar de não representar o que pensa a maioria das travestis e transexuais. “O individual deve ser respeitado. Se ele quer ser chamado de ele é um problema dele. Vamos respeitar. O que não pode ser feito é transformar a vontade dele na maioria. Rogéria vive no mundo das cavernas. Ele ficou na década de 60/70”, afirmou Keila.
Presidente da Antra,que representa 116 entidades em 27 estados do Brasil, Keila ressalta que, apesar do respeito à identidade de Rogéria, é preciso ter cuidado com esse tipo de declaração. “Respeitamos a individualidade, mas é preciso que as pessoas entendam que a maioria dea população de pessoas trans e travestis no Brasil se entendem no feminino. Rogéria ficou no passado e duvido que estude para entender o que está acontecendo no mundo. O ruim é que ela aparece muito na mídia e isso ganha repercussão. A Laerte, por exemplo, que é do mesmo período dela reivindica o feminino. Eu represento 116 entidades em 27 estados e não tem nenhuma travesti que queria ser tratada como ele”, explica Keila.
Na entrevista Rogéria ainda critica o tom “politicamente correto” do movimento LGBT atual. Nasci homossexual, nunca fiquei em armário, não acredito em opção sexual e sempre me posicionei contra qualquer tipo de hipocrisia. Tem gente de movimento gay que não gosta de algumas coisas que digo, mas para esses eu falo que, antes deles chegarem, já existia Rogéria, meu amor.
Na opinião de Keila as declarações do Rogéria não prejudicam o movimento. “Hoje em dia, obviamente, tem os meios de comunicacao para mostrar o contraditório. Ele quer ser chamado de ele então que assim seja, mas tem que respeitar a maioria das travestis que não querem.Se ele quer levantar a polêmica a gente vai para o embate. O que ele está fazendo é um serviço desncessário”, pontua Keila.
Em outro trecho da entrevista, Rogéria afirmou ainda que um travesti precisa de inteligência e talento para saber que não é mulher de verdade. Só tenho duas preocupações com o visual: não parecer prostituta, nem homem vestido de mulher”. Para Keila, a declaração de Rogéria indica que falta conhecimento ao artista. “Ele parece que continua na década de 70 mesmo. Isso é falta de estudo e conhecimento. As travestis não querem ser mulher de verdade. Nenhuma travesti reivindica ser mulher.Ela reivindica ser tratada pelo gênero feminino diferente das mulheres transexuais.É preciso que esses seres das cavenas estudem e entendam o movimento”.
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ENTENDA AS DIFERENÇAS*
Transexual: Pessoa que possui uma identidade de gênero diferente do sexo designado no nascimento. Homens e mulheres transexuais podem manifestar o desejo de se submeterem a intervenções médico-cirúrgicas para realizarem a adequação dos seus atributos físicos de nascença (inclusive genitais) a sua identidade de gênero constituída.
Transformista: Indivíduo que se veste com roupas do gênero oposto movido por questões artísticas.
Transgênero: Terminologia utilizada para descrever pessoas que transitam entre os gêneros. São pessoas cuja identidade de gênero transcende  as definições convencionais de sexualidade.
Travesti: Pessoa que nasce do sexo masculino ou feminino, mas que tem sua identidade de gênero oposta ao seu sexo biológico, assumindo papéis de gênero diferentes daquele imposto pela sociedade. Muitas travestis modificam seus corpos por meio de hormonioterapias, aplicações de silicone e/ou cirurgias plásticas, porém, vale ressaltar que isso não é regra para todas (definição adotada pela Conferência Nacional LGBT em 2008. Diferentemente das transexuais, as travestis não desejam realizar a cirurgia de redesignação sexual (mudança de órgão genital). Utiliza-se o artigo definido feminino A para falar da Travesti (aquela que possui seios, corpo, vestimentas, cabelos, e formas femininas). É incorreto usar o artigo masculino, por exemplo, O travesti Maria, pois está se referindo a uma pessoa do gênero feminino. Contudo, vale sempre a forma como a pessoa se identifica. No caso de Rogéria, fica ‘o’ travesti, mas ela é uma exceção.
*Fonte: Manual de Comunicação LGBT
4 Comentários
Rogéria só faz desserviço mesmo as pessoas trans e travestis.
Rogéria só disse a verdade mesmo sobre as pessoas transformistas. O conceito de “identidade de gênero” é delirante. Um homem se identificar como mulher por puro fetiche de usar salto alto, batom, cabelo grande, e outros estereótipos batidos é uma violência contra a humana fêmea que sofre a opressão diariamente por esses estigmas de feminilidade
A diferença que há é que a Rogéria tem nome e é renomada, e isto incomoda, e muito.
E vc é do tempo dos dragões kkkkkkkkkkk