Acontecerá nesta sexta-feira (31), em Salvador, a defesa da tese de doutorado em saúde pública com o tema “Estigma e Vulnerabilidade ao HIV/AIDS entre travestis e mulheres transexuais”. Desenvolvido pelo doutorando Laio Magno Santos (ISC/UFBA), a tese tem dados do estudo PopTrans, coordenado pela Profa. Dra. Ines Dourado e pelo Prof. Dr. Luis Augusto, realizado pelo Instituto de Saúde Coletiva da UFBA, entre 2014 e 2015, com 127 travestis e mulheres transexuais em Salvador. A defesa contará com a arguição de professores especialistas na área da Saúde Coletiva e com a profa. Luma Andrade, doutora em educação e a primeira travesti a concluir doutorado no país.
“Foi utilizada uma amostragem complexa adequada para esta população e também foi realizado um estudo qualitativo”, explica Laino que nesta sexta-feira defenderá a tese de que o estigma é um dos fatores que determina o processo de vulnerabilidade das travestis e mulheres transexuais ao HIV/Aids, investigando a associação entre o estigma relacionado à performance de gênero e a vulnerabilidade desta população ao HIV.
Os dados do estudo, segundo Laio, confirmam a hipótese de associação entre estigma e comportamentos de risco para a infecção pelo HIV entre travestis e mulheres transexuais. “O estudo permite destacar que os efeitos do estigma, como a violência, a discriminação e a transfobia, relacionado à identidade de gênero, são elementos estruturantes do processo de vulnerabilidade desta população ao HIV/aids. O estudo mostra também que a distinção da performance de gênero das travestis e mulheres transexuais é um dos elementos essenciais do processo de estigmatização desta população”, argumenta Laio.
Laio ainda ressalta que, durante a pesquisa, observou-se que o processo de estigmatização é operado por meio do poder exercido pelas leis da heterossexualidade compulsória sobre os corpos. “Os dados indicam a necessidade de construção de políticas públicas de proteção à integridade moral e física desta população, considerando o estigma não apenas como um efeito da sociedade patriarcal, mas como produtor de desfechos negativos em saúde, como o HIV/AIDS”.
1 Comentário
Muito importante evidenciar que o estigma que essas mulheres e travestis sofrem é um fator basal no aumento da vulnerabilidade ao HIV/AIDS. Assim podemos pensar em discursos e políticas menos preocupadas com grupos de risco e mais preocupadas em diminuir o preconceito e a violência (seja nas ruas, seja nos serviços de saúde e de justiça). Parabéns ao pesquisador e ao “MeSalte” pela divulgação!