A 15ª edição da parada LGBT da Bahia aconteceu no último domingo (11), reuniu, segundo os organizadores, cerca de 900 mil pessoas. Quem esteve no circuito “ entre o Campo Grande/Avenida Sete de Setembro/Rua Carlos Gomes “ percebeu que o número foi bem menor do que isso. Mas, enquanto o número de foliões “ que foram para se divertir “ reduziu, certamente, o número de ladrões cresceu e muito na mesma proporção que a sensação de insegurança de quem estava na rua. São casos que tiram o brilho da festa.
Dados da Secretaria de Segurança Púbica da Bahia (SSP-BA), que foram obtidos ontem pelo Me Salte, indicam que foram registrados este ano 16 casos de furtos simples (em 2015 tinham sido 11), dois casos de roubo simples/qualificado (dois a menos do que no ano passado) além de um caso de vias de fato. Enquanto na parada LGBT de 2015 ninguém foi detido, esse ano, segundo a SSP, foram 7 pessoas detidas pela Polícia Militar. De acordo com informativo divulgado pela Secretaria de Comunicação do Governo do Estado (Secom), 534 policias trabalharam na segurança da parada deste ano.
Esses dados são os oficiais e refletem os casos onde as vítimas registram as ocorrências. Nesse quesito sabemos que há uma subnotificação, pois, muita gente não registra o caso na polícia seja por preguiça, seja por medo dos bandidos ou até mesmo da LGBTfobia. Desde domingo, o Me Salte recebeu o relato de 8 pessoas que foram, por exemplo, vítimas de agressões físicas na parada. Entretanto, por medo da LGBTfobia, ninguém registrou o caso na polícia e teme ter a identidade revelada.
Em um dos casos, um jovem de 25 anos, teve parte da orelha cortada por homofóbicos. Eles me atacaram quando eu estava na fila do banheiro. Foi uma atrocidade. Pensei que iriam me matar. Eles pegaram um caco de vidro e começaram a me chamar de bicha e cortaram um pedaço da minha orelha, conta o jovem que foi atendido no Hospital Geral do Estado (HGE). Apesar da agressão, ele não registrou o caso. Minha família não sabe que eu sou gay. Se eu fizesse a denúncia teria que contar como e onde foi que aconteceu, explica.
No chão, nos trios e nos camarotes. Veja como foi a parada LGBT da Bahia
Uma travesti, de 34 anos, relata que também foi agredida fisicamente, na virada da Casa D™Itália. Eu estava dançando com umas amigas e me sentia segura porque toda hora passava polícia. Mas, quando ficou um tempo sem passar os moleques vieram para cima e me deram um soco e começaram a me chamar de traveco desgraçado. Só não fui mais agredida porque os ambulantes que estavam perto ajudaram, relata a travesti que não denunciou a agressão por medo.
Em nota, a  Secretaria da Segurança Pública ressaltou que atuou na Parada LGBT com o mesmo tipo de metodologia implantada nos grandes eventos (Carnaval, entre outras festas populares) promovidos na Bahia. A SSP destaca que o policiamento garantiu um evento sem registros de crimes contra a pessoa (homicídio doloso, tentativa de homicídio, lesão corporal dolosa e rixa). Por fim, se coloca à disposição da organização do evento para sugestões e críticas com o intuito de aprimorar o serviço nos próximos festejos, disse a SSP.
O Grupo Gay da Bahia (GGB), que organiza o evento, por sua vez, disse que falta um incremento da SSP para garantir mais segurança. O que acontece é que a parada é como se fosse um dia de Carnaval. Entretanto, sem a logística aplicada ao carnaval. A segurança é feita pela Polícia Militar, mas, por exemplo falta um incremento mais efetivo da Secretaria de Segurança Pública. Com a PM existe um diálogo mais próximo e construção de estratégias para contribuir com a segurança. Uma delas, por exemplo é evitar aglutinação de pessoas, e o termino do desfile de trios as 20h. O efetivo da PM é suficiente, entretanto, falta suporte para que a Polícia Militar tenha um melhor desempenho. Um fator que dificulta isso é a logística que não está inserida no circuito. Existem lamentavelmente pequenos furtos de carteiras e celulares, isso é comum a todos eventos de massa. A PM faz abordagem, entretanto o pelotão inteiro conduz o meliante até a delegacia de Polícia Civil mais próxima para instaurar os procedimentos do auto. A guarnição só é liberada após o término do registro na Delegacia. Isso faz com que o circuito fique desprotegido. A solução encontrada é que seja colocado ao logo do percurso Carro “presídio para prender meliantes e apresentar todos a Delegacia de Polícia para lavrar auto após o termino do evento. Isso é horrível, mas devido as condições é necessário, é um dos nossos pedidos a SSP que não cria logística para auxiliar a PM na operação. Em relação a música sem dúvida ritmos mais agitados gera mais agravos, assim, cada vez mais optamos por música que evidencie os LGBTs, afirmou, em nota ao Me Salte, Cristiano Santos, presidente interino do GGB.
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