O mundo celebra em junho o orgulho LGBTQIA+ de maneira festiva e também reflexiva. Pensando nisso, o Grupo Gay da Bahia (GGB), Oscar Gay 2021 entidade de utilidade pública municipal de Salvador fundada em 1991, divulgou nesta quinta-feira (17) os premiados na edição 2021 do Oscar Gay, premiação que existe desde a fundação da entidade.
Na edição 2021, o Supremo Tribunal Federal encabeça a lista das empresas/personalidades agraciadas com o Oscar Gay 2021 através do Troféu Triângulo Rosa pelo apoio aos direitos humanos dos LGBTQIA+. .Já o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) lidera a lista do chamado Troféu Pau de Sebo que, segundo o GGB, é ofertado para os inimigos da comunidade.
Pelo segundo ano, participaram da seleção dos premiados além do Grupo Gay da Bahia, o Grupo Dignidade de Curitiba e a Aliança Nacional LGBTI+, contando com assessoria de militantes gays de diversos estados. (veja lista completa no final da matéria).
No total, foram contemplados 32 troféus dedicado aos amigos da comunidade LGBT, destacando-se políticos e órgãos públicos de 10 estados, liderando São Paulo, Rio de Janeiro e Distrito Federal. 23 instituições e personalidades receberam o Troféu Pau de Sebo devido a sua oposição à cidadania LGBT, observando-se a mesma predominância de São Paulo e Rio de Janeiro, incluindo agora também Bahia, Paraná, Paraíba e Minas Gerais. De acordo com o último Relatório de Homicídios e Suicídios de LGBT+, em 2020 registraram-se 237 mortes violentas no Brasil motivadas pela homotransfobia.
Premiados
O Troféu Triângulo Rosa relembra o distintivo utilizado pelos nazistas nos campos de concentração para identificar os prisioneiros homossexuais 0 cerca de 300 mil gays foram mortos na Alemanha Nazista. Desde então o Triângulo Rosa tornou-se o símbolo internacional do orgulho LGBT+.
Já o Troféu Pau de Sebo, segundo explica Marcelo Cerqueira que é presidente do GGB, tem o objetivo de alertar a sociedade sobre os preconceitos.
“Aproveitamos uma tradição irreverente do folclore brasileiro para mostrar o ridículo de ser inimigo dos LGBT: por mais que queiram espezinhar os gays e destruir o movimento de libertação LGBT+, nunca chegam a seu objetivo, caindo e se lambuzando no pau de sebo da intolerância. Mesmo que esperneiem, aumenta a cada ano o número dos LGBT+ assumidos e o apoio dos simpatizantes, além das vitoriosas garantias legais a favor de nossa cidadania”, explica Marcelo.
Inimigos
Segundo o historiador Luiz Mott, decano do movimento homossexual brasileiro, em 2021, pela terceira vez o presidente Bolsonaro ocupa o primeiro lugar no Troféu Pau de Sebo.
” Jair Bolsonaro no ano passado associou típico guaraná cor de rosa do Maranhão aos ser “boiola”. Ele utilizou agora uma expressão homofóbica para criticar a necessária cautela na prevenção do coronavírus, ao dizer que “o Brasil é um país de maricas”! Em 2019, o presidente disse ser ‘equivocada a decisão do STF de criminalizar a homofobia’, fazendo também declaração internacional contra o turismo de gays ao nosso país”, explica Mott.
“Consideramos de fundamental importância parabenizar as pessoas e instituições que apoiaram a agenda do Movimento LGBTI+ por incentivarem outros vips e entidades a entrar nessa luta cidadã. Também é crucial apontar e fazer a crítica, a partir de falas, fatos e evidências concretas, daqueles que discriminam nosso segmento. Por isso o Oscar Gay persiste há três décadas construindo cidadania e fazendo história no Brasil! E conhecereis a verdade e a verdade vos liberará…”
Toni Reis, fundador do Grupo Dignidade de Curitiba e da Aliança Nacional LGBTI+
Oscar Gay 2021 – Triangulo Rosa para os amigos dos LGBT
- Supremo Tribunal Federal por ter considerado inconstitucional proibir a discussão de gênero nas escolas e derrubar portaria do Coordenação-Geral de Sangue e Hemoderivados do Ministério da Saúde que proibia a doação de sangue por homossexuais;
- Ministério Público de São Paulo pela criação do GECRADI, Grupo Especial de Combate aos Crimes Raciais e de Intolerância, reconhecendo a homofobia como crime de racismo;
- Defensoria pública do Estado de São Paulo, por condenar Canal Mundo Canibal por homotransfobia;
- Polícia Civil de São Paulo por proibir aos policiais emitir ou compartilhar mensagens que desrespeitem a cidadania LGBT;
- Governador de Alagoas, Renan Filho, pela criação da Delegacia de combate a crimes contra população mais vulneráveis, incluindo LGBT;
- Senador Fabiano Contarato, Deputado David Miranda e produtor Igor Albuquerque, pela iluminação do Congresso Nacional com as cores do arco-íris no dia 28 de junho, Dia do Orgulho Gay;
- Deputado Alexandre Frota (PSDB-SP), por defender cota de 10% obrigatória para LGBT em eleições;
- Deputada Tereza Nelma (PSDB\AL) pela realização da Audiência Pública sobre envelhecimento da população LGBT;
- Deputado Isaltino Nascimento e da Assembleia Legislativa de Pernambuco pela indicação do militante gay Sandro Cipriano como Patrono da Causa da Diversidade de Pernambuco;
- Deputado distrital Chico Vigilante e ativista Marcos Silva, pela inclusão da Parada do Orgulho LGBT de Brasília no calendário oficial de eventos do Distrito Federal;
- Prefeito de Belo Horizonte, Alexandre Kalil (PSD-MG), o primeiro a participar da Parada LGBT de Belo Horizonte e por condenar homofóbicos no programa Roda Viva;
- PSOL do Distrito Federal, por derrubar o decreto legislativo que invalidava a punição de discriminação por orientação sexual;
- Câmara Municipal de Bonito, MS, por vedar a nomeação de pessoas condenadas por crimes motivados também por homofobia e transfobia;
- Prefeita Maria Izalta da Silva Lopes, de Ibirajuba/PE, pela criação do Conselho Municipal LGBT;
- Juiz Sandro Lucio Pitassi, do Rio de Janeiro, por condenar ao ex-secretário de Assistência Social e Direitos Humanos, Pastor Ezequiel Teixeira, defensor da cura gay e por associar a homossexualidade a Aids e ao câncer;
- Arquidiocese do Rio de Janeiro por colaborar com a Prefeitura na busca de abrigo para pessoas trans sem teto;
- Padre Fabio de Mello, Taubaté, SP, por defender a união civil de casais gays: “É uma questão de justiça”;
- Padre Julião Lancellotti, SP, por divulgar vídeo pedindo perdão pela LGBTfobia da Igreja Católica;
- Padre Juarez de Castro, da Igreja da Assunção, de SP, por condenar declarações homofóbicas da pastora Ana Paula Valadão;
- Natura por veicular imagem do homem trans Thammy Miranda e seu filho bebê na publicidade do dia dos pais;
- Empresa Havaianas, por incluir o símbolo gay do arco-íris nas suas sandálias;
- Casas Bahia, pela incorporação de um casal gay na campanha “Nossa Casa é o Brasil, nossa causa o Brasileiro”;
- Latam Brasil, por suspender decolagem e acionar a Polícia Federal para proceder contra passageiro que chamou comissário de “viadinho e bosta”;
- Canal Brasil por dedicar robusta programação especial comemorativa do Mês do Orgulho LGBT;
- Universidade Federal de Santa Maria, RS, por condenar e investigar o ataque homofóbico contra pesquisa de aluno sobre homotransfobia;
- UniAraguaia pelo convênio com a Aliança LGBTI+ disponibilizando 100 bolsas integrais para população LGBT;
- Federação Catarinense de Futebol por receber na sua sede em Camboriú, delegação da Aliança Nacional LGBT para implantar orientações aos jogadores e dirigentes contra a homofobia;
- Delegacia Regional de Vila Velha, ES, por prender e investigar mulher que insultou casal gay;
- Atriz Vera Holtz, por rebater insultos homofóbicos do pastor Silas Malafaia: “Safadeza não é beijo gay. Safadeza é fazer lavagem de dinheiro e conseguir bens usando a fé”;
- Repórter Fábio Turci, da TV Globo, por celebrar o Dia Internacional do Orgulho Gay em sua página no Instagram;
- Ator Marcos Caruso, o Leleco da Avenida Brasil, por assumir-se bissexual em live;
Troféu Pau de Sebo para os inimigos
- Presidente Jair Bolsonaro, por utilizar termo homofóbico ao dizer depreciativamente que “o Brasil é um país de maricas”; Ministro da Educação Pastor Milton Ribeiro, por declarar que “homossexualismo é causado pela existência de famílias desajustadas”;
- Deputada estadual Marta Costa (PSD\SP), da Assembleia de Deus, por projeto de lei proibindo publicidade contendo “alusão a preferências sexuais e movimentos sobre diversidade sexual relacionado a crianças”; Deputado Leo Motta (PSL-MG), pastor evangélico, por negar o direito ao batismo e demais cerimônias religiosas a LGBTs e seus filhos;
- Câmara e Prefeito de Campina Grande, PB, por sancionar lei que restringe o uso dos sanitários e vestiários escolares exclusivamente de acordo com o sexo biológico de cada indivíduo;
- Vereador evangélico Sérgio Nogueira, de Dourados (PSB-MS), por pleitear o confinamento de gays numa ilha por 50 anos;
- Vereador Alexandre Aleluia (DEM-Salvador), por tentar revogar a Lei que pune a LGBTfobia em estabelecimentos de Salvador;
- Vereador Douglas Gomes (PTC\Niterói), por ataques transfóbicos contra a vereadora trans Benny Briolly (PSOL\Niteroi, RJ);
- Vereador Donaldo Seling, de Maripá, PR, por suas ofensas homofóbicas nas redes sociais contra o ator Paulo Gustavo e viúvo;
- Procurador Caio Augusto Limongi Gasparini, de São Paulo, por destilar ódio homofóbico nas redes sociais associando os gays à pedofilia;
- Ex-deputado Roberto Jefferson, presidente do PTB, por declarar que “sexo gay é sujo, sádico, sem glamour”, chamando o Governador Doria e Prefeito Covas de “bando de alces” e aos Ministros do STF, Luís Roberto Barroso de “Lulu boca de veludo” e Edson Fachin de “Carmen Miranda”;
- Bispo auxiliar da Arquidiocese de São Paulo D. Jorge Pierozan, por negar o direito aos casais LGBT de adotar crianças;
- Colégio Pio XI, Rio de Janeiro, por discriminar dois alunos, recusando o uso do nome social a uma trans e chamando um gay de efeminado;
- Pastor Silas Malafaia pelo crime de injúria qualificada de transfobia ao criticar e promover o boicote da empresa de cosméticos Natura por ter contratado o ator transgênero Thamy Miranda para a campanha do Dia dos Pais;
- Pastor Aijalon Berto, de Igarassu, PE, pelas ofensas nas redes sociais contra a militante transexual Nattasha Vlasak;
- Jogador Neymar Junior, do Saint Germain, por ofensas homofóbicas contra o namorado de sua mãe, o modelo Thiago Ramos, referindo-se a seu padrasto com os termos “viadinho”, “da c* do car**lho”;
- Cantor Netinho da Bahia, por insultos à comunidade LGBT e apresentador Carlinhos Mendigo por declarações discriminatórias contra a publicidade da Natura no dia dos pais com imagens do homem-trans Thammy Miranda;
- Cantora gospel e pastora Ana Paula Valadão da Rede Super e o cantor André Valadão, da Igreja Batista de Belo Horizonte, por associarem a homossexualidade ao pecado e ao surgimento da Aids;
- Dupla sertaneja Pedro Motta e Henrique, pela música Lili, condenada pela comunidade trans por mensagens transfóbicas;
- Canal Mundo Canibal de São Paulo, por divulgar vídeos homofóbicos, transfóbicos e machistas, foi condenado em 80 mil reais pelo Tribunal de Justiça de São Paulo; Apresentador Emilio Surita, do Pânico da Jovem Pan, por expulsar de casa o filho Eric após revelar-se bissexual;
- Sikera Júnior, apresentador da Rede TV, condenado por graves insultos contra a modelo trans que representou Jesus crucificado na Parada LGBT de São Paulo;
- Hackers que invadiram com imagens e mensagens nazistas, discriminatórias e pornográficas o “Seminário Voto com orgulho”, da Aliança Nacional LGBTI+ de Curitiba;
- Bióloga Rumanelly Reis, de João Pessoa, PB, por chamar os LGBT de aberração e pervertidos, sendo condenada pela Defensoria Pública do Estado.