Uma das coisas mais difícieis de ser uma pessoa LGBT é quando nos sentimos sozinhos. É uma sensação comum, principalmente no início da vida quando estamos ainda nas fases de descoberta de percepções com relação à nossa orientação sexual. Ontem (3), quando subi no trio da 5ª Parada do Orgulho LGBT do Subúrbio de Salvador para receber o título de padrinho percebi o quão importante é ter alguém ao seu lado que lhe respeite e acima de tudo lute contigo por direitos. Os LGBTs precisam – e merecem – ter algum outro LGBT ao seu lado. É óbvio que isso não exclui o tão importante respeito a nós por parte dos heterossexuais e demais denominações.
No percurso de Paripe até Periperi – mesmo embaixo de uma forte chuva – a união na busca por direitos foi a tônica da caminhada. Unidos na busca por direitos e respeito, mas também para acompanhar a amigue que estava sarrando no asfalto ao som de singles de Pabllo Vittar.
O mais importante dessa parada é visibilizar a população LGBT do Subúrbio na busca por respeito e direitos. Ser escolhido para ser padrinho me deixou muito orgulhoso, considero um prêmio pelo meu trabalho à frente do Me Salte (Jorge Gauthier)
Foi bonito de ver a união das famílias da avenida Suburbana que das lajes e janelas faziam fotos e vídeos admirando a nossa passada. E o que dizer dos gogodancers descamisados com seus shortinhos de lycra? Eles conseguiam unir os olhares de todos que estavam em cima e embaixo do trio no gingado das batidas eletrônicas.
As fitas de papel crepom coloridos à frente do trio Traz a Massa (um clássico das bandas de pagode no Carnaval) se misturaram com o colorido dos cílios de Valerie O’rarah, Malayka SN, Nágila GolgStar e muitas outras drags queens babadeiras que deram nome e sobrenome em cima do trio e no chão.
Quando Rosy Silva (que organiza a caminhada ao lado de sua esposa Alesxandra Leitte) colocou nos meus ombros a cuidadosa faixa branca com letras prateadas me condecorando senti que realmente juntos somos mais fortes. Mais do que orgulho de ser o padrinho me senti acolhido. A cada abraço e aconchego que recebi me senti acarinhado por um amigo mesmo nunca tendo visto algumas dessas pessoas. Foi um lance de identificação e uma grata sensação de pertencimento. Um orgulho de ser quem eu sou, de ser respeitado pelo que sou e feliz com a vida que levo com as orientações que tenho.
Ah, se só para lembrar, como disse o tema da parada deste ano, TEMOS DIREITOS, SIM!
Confira os cliques do fotógrafo Betto Jr/Correio>>>