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O futebol é legal…o problema são os marginais disfarçados de ‘torcedores’

Antes que você comece achar estranho esse texto ser postado em um canal de notícias LGBTQIA+ aviso logo: ser gay não me impede de gostar e/ou falar de futebol. Dito isso vamos à reflexão. Neste domingo (08) aconteceram as finais dos campeonatos estaduais de futebol. Um ótimo momento para quem admira o esporte torcer, comemorar e vibrar pelo seu time. Até aí tudo bem. O problema são os marginais disfarçados de torcedores que tiram o brilho da prática esportiva – e também de vermos os belos jogadores correndo atrás da bola.

Meu falecido pai – vascaíno convicto – me ensinou a admirar futebol. Mas ele sempre temeu a violência dos estádios e acabavamos vendo os jogos sempre pela televisão. Ele tinha razão. O problema é que hoje – 12 anos depois da sua morte – a violência do futebol ultrapassou a fronteira dos estádios.

Os cafuçus marginais que gostam de futebol deveriam se inspirar nos gays. Eu nunca vi nenhum viado agredir outro fisicamente porque é do #teamBeyoncé enquanto a outra pessoa é do #teamLadyGaga. Nunca vi nem ouvi falar de bolhas – fãs de Claudia Leitte – irem para porta de show de Ivete Sangalo com pedradas e pauladas.

A rivalidade de gostos não pode ser maior do que a CONSCIÊNCIA DO RESPEITO À INTEGRIDADE DO OUTRO. Em Salvador, ontem pela manhã, QUATRO pessoas foram baleadas. Três torcedores do Bahia e um do Vitória no dia em que os dois times disputavam a final do campeonato baiano de futebol. Os fatos aconteceram bem longe do estádio e os criminosos usaram as camisas dos seus times para praticar os crimes.

Na entrada o Estádio Manoel Barradas – o palco da final – o ônibus do Bahia e o carro do jornal CORREIO foram atacados por ‘torcedores’. Isso mancha de sangue o 47º título baiano do tricolor. Apesar de ser torcedor do Vitória acho que foi merecido o Leão perder em função da palhaçada feita dentro de campo – sim, os próprios jogadores brigaram. Como ser exemplo para os ‘torcedores’ assim?

Mas, esse vandalismo criminoso não é exclusivo da Bahia. Torcedores do Palmeiras tiram símbolo do Corinthians e vandalizam sede do clube em São Paulo. No Recife, torcedores do Central invadem área do Náutico após a final.

Tão mais legal ir no estádio pra ver Douglas agarrando umas bolas Foto: Betto Jr/CORREIO

Tão mais legal ir no estádio pra ver Douglas agarrando umas bolas
Foto: Betto Jr/CORREIO

Não consigo conceber que a pessoa pegue um engarrafamento de várias horas, fique embaixo do sol, pague ingresso caro e vá para rua apenas para brigar e machucar pessoas.

As práticas criminosas dentro e fora de campo precisam de uma ingerência urgente das autoridades. Elas acontecem regularmente – inclusive com a restrição de algumas partidas ocorrem como torcida única.

A galhofa, a gracinha e a chacota até fazem parte do futebol. Contudo, é preciso ter limites. Respeitar o espaço do outro. Os próprios clubes corroboram com isso. O Bahia, por exemplo, comemorou o triunfo ontem com uma camisa escrita ‘Se correr o bicho pega se ficar o bicho come’. Resultado: os marginais que torcem pro Vitória começaram brigar e caçar confusão com os torcedores do Bahia.

Quer mais?  Horas depois da conquista do título o tricolor usou as redes sociais para anunciar promoção de ingressos para os torcedores que quiserem se associar nesta segunda-feira (9). Quem comparecer à Central de Atendimento ao Sócio levando um mamão, ganha 25% de na primeira mensalidade. Se o mamão estiver com açúcar, o desconto sobe para 30%. Já o torcedor que for à CAS com uma galinha, ganhará 50% de desconto.

O tricolor fez uma ressalva de que a galinha pode ser de pelúcia, congelada, ou mesmo o torcedor fantasiado. A promoção é uma provocação usada pela torcida tricolor contra o rival.  Tomara que ao menos esse frango seja doado para alguma instituição de caridade. Que desnecessário isso!!!!! Acho que deveria existir outra forma de comemorar o título de uma maneira que não fosse mais um estímulo ao conflito disfarçado de graça.

O futebol precisa ser leve. As pessoas precisam ser livres para torcer, mas de forma divertida. A boçalidade desses marginais dialoga com o fanatismo religioso. O problema não é Jesus. O que estraga o negócio é o fã clube.

Jorge Gauthier
Jorge Gauthier
Jornalista, adora Beyoncé e não abre mão de uma boa fechação! mesalte@redebahahia.com.br

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