Uma vedete multifacetada. Canta, dança e mostra que beleza não é fundamental – como diria o poeta -, mas alegra e estasia. Carnavalesca, com figurinos em tons de rosa a cantora Claudia Leitte encarnou essa persona na madrugada gelada – 18° C – deste sábado (2) no Campo de Marte em São Paulo.
Deu o ponta pé inicial na sua turnê My Carnaval que rodará o país com um misto de tudo aquilo que os bolhas (como são chamados os fãs da cantora) mais gostam. Tem os clássicos da época do Babado Novo, a farofa carnavalesca (aquela que faz lembrar do circuito Barra/Ondina), homenagem para Anitta no clima acústico e até um trio elétrico.
Não, você não leu errado. Além da apresentação no palco tem Claudia em cima do trio puxando aquelas canções de fazer a perna tremer e o coração pensar que já é fevereiro.
Consolidada no seu propósito e estilo de performance Claudia, como sempre, falou pouco e cantou muito. Foram três horas – seis trocas de roupa – com um passeio na sua trajetória e canções novas como Pra Ficar.
No pouco que falou a cantora – que sempre foi criticada por não se conectar com o público gay (a maioria dos presentes na festa de ontem e em sua carreira) – acabou surpreendendo. “Parece que estourou um cano de viado bonito”, brincou a cantora que foi ovacionada pela plateia.
De fato Claudia, depois que firmou parceria com o grupo baiano San Sebastian (que realizou a festa de ontem com maestria) , tem deixado transparecer mais leveza com relação aos temas de diversidade.
No camarim, antes de subir no palco, Claudia recebeu fãs e amigos. Muitos, obviamente, gays. Observei de perto as reações, gestos e falas. Demonstrou uma conexão sincera e verdadeira. Que bom que isso saiu do camarim e foi um pouco para o palco. Que seja mais engajada e próxima dos LGBTs e faça jus ao amor de tantos bolhas coloridos.
O coração da Claudia está quente. De gelada mesmo só as mãos da cantora – de nervoso e ansiedade! Antes da estreia conversamos com exclusividade para Me Salte.
O papo só teve um pequeno atraso quando ela não resistiu em limpar as lentes dos meus óculos que estavam embassadas, rsrs!
Canceriana na essência, Cláudia promete aos bolhas repetir e melhorar o espetáculo My Carnaval pelo Brasil a cada cidade que passar com muito amor.
“Todas as coisas que a gente sonhou e desenhou no coração da gente está se materializando. Eu estou bem sensível e os bolhas vão ver o melhor. Todas as Claudias estão aqui”, destacou a cantora que antecipou para o Me Salte que em julho vai ter show da turnê nova em Salvador (depois eu conto mais detalhes).
Ah, e para quem ainda insiste na pseudo rivalidade entre ela e Ivete Sangalo é bom mudando de ideia. Além de cantar uma música da juazeirense no novo show em maio de 2019 elas serão as grandes atrações do San Island Weekend, em Trancoso que também leva o selo de qualidade San Sebastian – assim como o show de ontem.
“Vai ser incrível”, adiantou.
O show de Claudia em São Paulo acontece na véspera da parada LGBT+ (a maior da América Latina) e questionei a ela sobre como a arte dela pode colaborar para melhorar a situação turbulenta que vivemos com graves ameaças aos direitos humanos.
“Todo mundo nasceu com um chamado e a gente precisa olhar para nossa atitude. A gente precisa olhar para si mesmo. Vigiar as próprias atitudes em vez de vigiar o próximo. Ao invés de julgar, condenar ou absolver a gente tem que se olhar. É um exercício de cidadania e colocar na frente se tudo aquilo que parece ser frase de caminhão que é o amor. Amor é lente de contato pra gente enxergar melhor. Amor é porta aberta e escancarada”, argumentou.
É isso aí! Parece que, enfim, Cláudia passou por baixo do arco-íris. Seja bem vinda com muito amor.
Veja cinco momentos especiais do show:
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