O talento dos atores baianos Sulivã Bispo e Thiago Almasy ganhou as vitrines da Bahia e do Brasil com os personagens Junior e Mainha da websérie Na Rédea Curta, mas o potencial criativo da dupla tem impulsionado ambos, juntos ou separados, para novos e notáveis voos. Levar os hilários mãe e filho para o cinema já renderia assunto bastante, mas outros projetos vêm revelando as múltiplas competências dos dois artistas e o desejo infindável de se desafiarem.
Com gravações recém finalizadas nas cidades de Cachoeira, Muritiba e São Félix, Na Rédea Curta – O Filme tem estreia prevista para o primeiro semestre de 2022. O longa-metragem tem produção assinada pela Rosza Filmes e ULTIMA Plataforma – selo criado pela dupla de atores -, e se aprofunda na história da paternidade de Junior a partir do momento em que ele descobre que vai ser pai aos 20 e poucos anos. Como sempre, as aventuras dos dois são repletas de confusões. A direção é de Ary Rosa e Glenda Nicácio, da Rosza Filmes.
“Agora que finalizamos a gravação do filme, voltaremos a gravar episódios para a websérie, para qual pretendemos dedicar uma produção mais arrojada. Estamos trabalhando muito, fazendo publicidade, nos agenciando, atuando juntos e separados, na perspectiva de captar grana para projetos futuros”, comenta Thiago Almasy.
A nova temporada websérie Na Rédea Curta tem previsão de ser lançada no próximo mês de novembro, depois de um período de mais de um ano sem presentear seus fãs com novos episódios, e o hiato tem sido sentido pelo público, que volta e meia pergunta quando haverá novas histórias protagonizadas por Junior e Mainha. A dupla adianta que as novas histórias irão contar com participações, um núcleo de artistas mais robusto e situações que vão garantir o riso nesses tempos de pandemia, em que o humor tem sido tão necessário.
Para enfrentar a pandemia, por exemplo, Sulivã deu as mãos a Koanza, personagem criada por ele que dá vida a uma senhora riquíssima senegalesa e Makota (cargo feminino de grande valor no Candomblé) que luta contra o racismo e soma cerca de 500 mil visualizações em vídeos curtos que o ator passou a postar no Instagram. A atuação rendeu a microssérie “Buxê Buxê” na AFRO.TV (@afrotvbr), onde Koanza passa uma rasteira no racismo, ressalta sua fé nas religiões de matriz africana e entretém o público com bastidores dos famosos e temas importantes nas redes sociais.
Também na pandemia, Sulivã estreou Doú Alabá, lançado no último mês junho, onde ele e a atriz Natalyne Santos interpretam divindades infantis das religiões de matriz africana e falam sobre intolerância religiosa e a preservação dos costumes ancestrais afro-brasileiros. Já o parceiro Thiago lançou em julho Via Láctea, curta-metragem marca sua estreia como diretor de cinema. Ambos os projetos tiveram financiamento através da Lei Aldir Blanc e também levam o selo da empresa da qual são sócios, a ULTIMA Plataforma. (Abaixo, mais informações sobre as produções)
Roteirista de Na Rédea Curta, Thiago comemora o momento atual da sua carreira. Além de ter assinado as temporadas 3 e 4 da série de humor Tô de Graça, do Multishow, aceitou recentemente o convite do Amazon Prime Video para atuar como roteirista e produtor de histórias da versão brasileira da série Lol – Se Rir, Já Era, que tem lançamento ainda esse ano. O ator ainda está prestando consultoria para um longa-metragem da Netflix, e gravando como ator a série Balada com direção de André Félix.
“Eu e Thiago temos visões que se complementam, eu mais atento à preservação das tradições culturais de matriz africana, ele com um olhar mais tecnológico e globalizado. Em comum, temos o desejo de militar pela diversidade e pelas minorias e de valorizar o potencial de artistas negros da periferia de Salvador. Outra coisa que já decidimos é que podemos rodar o mundo trabalhando, mas Salvador sempre será nossa morada, e a Bahia nossa inspiração”, comenta Sulivã.
Doú Alabá
Doú Alabá esteve em cartaz de 5 a 11 de julho no canal do Ilê Aiyê no YouTube. O espetáculo evidencia conflitos nascidos das facilidades tecnológicas do mundo contemporâneo, onde muitas crianças negras se afastam de suas tradições afro-brasileiras, para imergir boa parte do tempo em culturas virtuais e midiáticas que em nada se assemelham com suas potências identitárias em diáspora, sobretudo desde 2020, quando as aulas também passaram a ser virtuais.
No palco, ele e a atriz Natalyne Santos interpretam divindades infantis das religiões de matriz africana e falam sobre intolerância religiosa e a preservação dos costumes ancestrais afro-brasileiros. O público vai conhecer as histórias dos personagens Edileusa e Claudionor, através do olhar ficcional de dois Erês, que vão falar da sua saudade do tempo de “vir em terra”, comer caruru e brincar no terreiro.
Via Láctea
O curta metragem é o primeiro trabalho de Thiago Almasy como diretor de cinema e contempla sua pesquisa sobre narrativas decoloniais. A estreia foi no dia 25 de junho, seguindo por uma temporada curta de sete dias no YouTube, quando foi visto por mais de 3 mil pessoas. Agora, no que depender dele, a produção segue para festivais de cinema pelo mundo.
O filme é uma ficção científica gravada no subúrbio ferroviário de Salvador, com elenco majoritariamente negro. Na trama, um grupo de alienígenas tem seus planos de dominação planetária interrompidos pela chegada da Covid-19. Os alienígenas se instalam no corpo dos hospedeiros humanos, mas passam a ter acesso à violência e limitação que esses corpos estão submetidos.