Sabe aquela frase que diz ‘é melhor se calar do que falar besteira? A rádio Jovem Pan esqueceu de pensar nessa frase ao desenvolver uma equivocada campanha em suas redes sociais pelo Dia Internacional Contra a Homofobia, celebrado nesta quinta-feira (17).
A empresa lançou a hashtag #MinhaÚltimaMúsica, convidando as pessoas a compartilhar a última música que cada pessoa ouviu com a questão: “O Brasil é o país que mais mata LGBTI+. Se você fosse a próxima vítima, qual seria a última música”.
Ouvintes criticaram a campanha por banalizar as mortes motivadas por homofobia e por tentar fazer uso da data para gerar audiência na internet. Dados do Grupo Gay da Bahia indicam que somente este ano 153 pessoaa LGBTs foram mortas no Brasil.
Artistas convidadas para participar da programação especial desta quinta-feira, na rádio, já começaram a se manifestar contra a campanha. Depois de publicar um texto apoiando a campanha, o perfil oficial de Pabllo Vittar apagou o post e depois publicou uma sequência de frases se explicando:
“Gente do céu, o que foi isso? Eu não escrevi isso, não! Galera que mexe no meu Twitter que p*** é essa? Jamais escreveria uma coisa dessas. Pode ter certeza que quem fez isso não trabalha mais comigo, eu mais que ninguém sei o quão pesado é isso! Me desculpem por terem lido isso”.
A cantora Candy Melody, que é transexual e participou das gravações no estúdio da rádio pela manhã, também pediu desculpas e publicou explicações:
“Quero pedir perdão por não ter sido tão observadora quanto à hashtag. Mas minha fala, apesar disso, foi bem pontuada”.
Ela se mostrou indignada pela forma como internautas a abordaram, com mensagens a acusando de lucro a todo custo e de “falta de discernimento”.
“Falar de mortes de uma população nunca é fácil, pelo menos não pra mim. Me embarga a voz, me tira o pouco da esperança que tenho nos seres humanos, me destrói por dentro! Mesmo assim, engulo meu ego e vou lá. O que mais me chateia é ver que algumas pessoas esquecem que eu também sou T”.
A rádio Jovem Pan ainda não se manifestou sobre a repercussão negativa da campanha lançada num dia tão importante para a comunidade LGBT.
A data 17 de maio foi escolhida porque foi o dia em que, em 1990, ocorreu a retirada da homossexualidade da Classificação Estatística Internacional de Doenças e Problemas Relacionados com a Saúde (CID) da Organização Mundial da Saúde (OMS). A organização aboliu o sufixo “ismo”, que caracteriza condições patológica. Essa vitória foi muito importante na luta pelos direitos LGBT e foi celebrada por pessoas e ONGs de vários países.