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Gays homofóbicos existem? Sim, infelizmente :(

Texto escrito por Lola, nossa colunista que tudo sabe sobre o universo L.  Tem alguma dúvida? Manda para mesalte@redebahia.com.br que Lola responde!

Des-com-pre-en-di-do. Vem assim, no dicionário, separado em sílabas. É um adjetivo, aquele que se descompreende. Virou gíria e serve de eufemismo pra falar sobre pessoas cujo comportamento a gente até tenta, mas não compreende de jeito nenhum. Por exemplo, a moça que abre o jornal, lê a notícia de uma outra que foi estuprada e larga: Também! Olha o tamanho da saia, queria o quê? Homem não se aguenta, ela que pediu pra ser estuprada!. Descompreendida.

Outro exemplo: o cara, negro, contratado para fazer a segurança de um evento e orientado a revistar quem entra no local. Mas faz vistas grossas e não se dá ao trabalho de revistar um branco que chegue, enquanto não só revista, como olha para o negro como se ele estivesse ali, predisposto a causar um problema. Outro descompreendido.

O adjetivo também se aplica perfeitamente ao gay, homem ou mulher, que enfrenta todo tipo de preconceito e repulsa e, ciente da luta diária que precisa enfrentar por direitos básicos, não se incomoda em apertar a mão e ainda bate palmas para o presidente do sindicado nacional dos machistas, homofóbicos, sexistas e classistas. É o popular viado descompreendido.

Claro, a gente que é gay, que é lésbica, e que, naturalmente, convive com um monte de outros gays e lésbicas, manos e manas, minas e monas, trans, bissexuais e por aí vai um rosário de migas, tudo minoria, sabe que há várias nuances de viados e viadas descompreendidos. E tem coisa pra dar mais raiva?

Tem o gay que abre a boca pra dizer que, Olha, tudo bem ser viado, mas precisa desmunhecar? Tem que ser bicha?. Tem o que não consegue aceitar a bissexualidade da pessoa e sequer respeita: diz que a pessoa está só indecisa, não é possível. Ou, pior, encarna a tia avó conservadora e diz que bi é promíscuo, mesmo, só pensa em sexo.

E a sapa que aponta o dedo na rua e fala da coleguinha, sapa do mesmo jeito, com jeito mais masculino? Na moral, parece um homem, credo!. Criatura, você não precisa sentir atração pela pessoa, só respeitar tá bom! A sapa olha o bofe passando no outro lado da rua com a franja alisada na chapinha, a calça mais justa que Deus, radiante de felicidade, mas olha torto. Ai, mulher, vai ser feliz!

Ainda tem o pior tipo, eu acho: o boy que tá na balada, pronto pro crime “ ó a gíria dos anos 1990 entregando a idade “ e cheio de disposição. Já fez a volta olímpica e pegou todos os boys possíveis e agora, num surto, quer pegar as sapas “ talvez para fazer uma fachada básica. E não aceita um não! Aff, sapatão é uó!, dispara, ofendidíssimo.

Sabia que isso equivale ao macho alfa que, convencido de que a mulher é sapatão porque não experimentou um homem de verdade, se ofende e transfere a ofensa para a mulher? Viado, meu filho, se compreenda, porque se uma mulher tentar lhe beijar, sapa ou não, é capaz de você cuspir no chão, fazer o sinal da cruz, bater o cabelo e clamar por Santa Cher.

Jorge Gauthier
Jorge Gauthier
Jornalista, adora Beyoncé e não abre mão de uma boa fechação! mesalte@redebahahia.com.br

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