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Espetáculo Afronte estreia temporada na Casa Rosada, nos Barris

O diretor teatral Thiago Romero estreia na Casa Rosada, no bairro dos Barris, o espetáculo Afronte – Akulobee, com dramaturgia de Daniel Arcades e assistência de direção de Luiz Antônio Sena Jr. e Paulo Machado. A peça, que traz dois espetáculos/percursos em uma única montagem – contemporâneo e ritualístico – para discutir gênero e raça, ficará em cartaz de 07 a 16 de fevereiro, de quarta à sábado, às 19h.

A montagem, que é resultado da formatura Romero no curso de direção teatral pela Escola de Teatro da Universidade Federal da Bahia, traz dois percursos/espetáculos com discursos e estéticas totalmente diferentes. O processo de construção da dramaturgia foi pensado em caminhos e linguagens diferentes para chegar a um encontro.

Quem optar pelo percurso interno da Casa Rosada encontrará uma dramaturgia mais cotidiana, que traz as “BIXAS PRETAS” contemporâneas, pensada para ser um espaço de opinião. As personagens contemporâneas têm um perfil mais para o teatro documental, comédia e humor.

Interpretadas pelos atores Anderson Danttas, Diogo Teixeira, Igor Nascimento e Rafael Brito as bichas contemporâneas moram em uma casa que elas denominam Cuierlombo/Queerlombo. Nesse espaço elas contam suas histórias de vida; como se sentem sendo bichas e pretas, provocando debates e questionamentos. Sem faltar “churrias”.

Já o segundo percurso é uma dramaturgia mais lírica, do teatro ritual, poucos diálogos e investimento em poesia. Esta composição cênica que traz os atores Teodoro, Diego Alcântara, Ricardo Andrade e Antônio Marcelo inspira-se nas histórias das Quimbandas, grupos de negros escravizados da região do Congo e Angola, que foram trazidos e existem registros deles entre os séculos XVI e XIX.

A referência dos Quimbandas vem a partir de uma pesquisa de Thiago Romero, que encontrou em escritos do antropólogo Luiz Mott as suas histórias. Os Quimbandas foram completamente silenciados, ou pelo tráfico negreiro, ou inquisição, ou pelo processo higienista no século XIX. Com duas trajetórias, o público terá que escolher qual o percurso do espetáculo assistirá, sendo que, o limite por espaço é restrito, 25 pessoas por cada espaço.

Afronte tem como mote a seguinte pergunta: Ancestralidade por qual identidade?. “Um grupo vai caminhar para um local que exige opinião e outro vai caminhar para um lugar que precisa ser amparado, contemplado com a ancestralidade bicha. A escolha desta dramaturgia tem a ver com a fuga do estereótipo de que o teatro negro só tem um jeito de fazer as coisas”, realça o dramaturgo.

As duas proposições fazem com que possamos nos ver por caminhos diferentes e que possamos nos responsabilizar e nos enxergar diante da discussão gênero e raça. O intuito de trazer a ancestralidade é, principalmente, por uma questão de referencialidade.

 

Afronte fala da interseccionalidade da discussão de gênero e raça. Pouco se fala das narrativas bichas. “Como você opera gênero e raça nessas discussões tão em voga hoje em dia quanto ao racismo e a homofobia? O espetáculo fala da importância de discutir gênero e raça, quanto é especifico essa discussão. Todo mundo sabe que minha pesquisa é em gênero, minha tendência é o aprofundamento, mas quando se entende como bicha preta e trabalhar esse discurso interseccional você percebe que é um recorte muito específico”, ressalta Romero.

Afronte surge nesse sentido. “É uma coisa que busco no meu trabalho o tempo inteiro dessas narrativas: da representação do homossexual em cena e agora em um recorte bem específico que é a narrativa das bichas pretas e o quanto esse discurso de empoderamento para os corpos negros e da geração tombamento, às vezes, não está agregado a uma ideia de memória, de ancestralidade”, diz o diretor.

O espetáculo tem direção musical de Filipe Mimoso, direção de movimento de Edeise Gomes, preparação vocal de Joana Boccanera, figurino e maquiagem de Tina Mello.

Serviço

O quê? Afronte – com direção de Thiago Romero e dramaturgia de Daniel Arcades

Quando: 07 a 16 de fevereiro (quarta à sábado), às 19h

Onde: Casa Rosada – Travessa dos Barris, n° 30, em frente a Biblioteca dos Barris

Ingressos: R$ 30 (inteira) e R$ 15 (meia) – vendas pelo sitehttps://www.sympla.com.br/afronte–akulobee__447984

Jorge Gauthier
Jorge Gauthier
Jornalista, adora Beyoncé e não abre mão de uma boa fechação! mesalte@redebahahia.com.br

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