A religiosidade é um campo em disputa para pessoas LGBTs (lésbicas, gays, bissexuais, pessoas trans e travestis) brasileiras. Em algumas religiões vem ocorrendo de tempo em tempo algumas rupturas e certo acolhimento de orientações sexuais dissidentes, mas ainda é delicado quando se fala a respeito de identidades de gênero. Dado este cenário, o coletivo De Transs Pra Frente se colocou o desafio de estimular o debate no Cristianismo e no Candomblé, com dois períodos de diálogos, no próximo dia 17, no Espaço Cultural da Barroquinha.
Segundo dados do Novo Mapa da Religião, do Centro de Políticas Sociais/Fundação Getúlio Vargas, 91% dos baianos se consideram religiosos. Nas periferias de Salvador, onde se concentra grande parte das pessoas trans e travestis, aqueles sem religião somam apenas 13% da população soteropolitana. O coletivo De Transs Pra Frente acredita que pessoas trans e travestis têm os mesmos direitos que todas as outras de professar a sua fé e que a possibilidade do diálogo pode trazer a compreensão e naturalização destas identidades, tanto nos terreiros de candomblé, quanto nos templos cristãos.
No intento de criar um ambiente receptivo para ambas religiões, o debate ocorrerá no Espaço Cultural da Barroquinha – lugar que acolheu o candomblé e o cristianismo em tempos históricos diferentes –, às 14h30, com a mesa O Acolhimento da Transgeneridade no Cristianismo, mediada pelo pesquisador e cristão Ailton Da Silva Santos, da COCIS – Comunidade Cristã Inclusiva do Salvador. Na roda, estarão o padre anglicano Bruno Almeida, o pastor Tárcito Fernando, da Igreja Batista de Nazaré, assim como a Advogada feminista Laina Crisóstomo.
Às 18h começa a apresentação do grupo TransBatukada, com regência de Antenor Cardoso e, logo em seguida, o debate será retomado com a mesa O Acolhimento da Transgeneridade no Candomblé, mediada pela pesquisadora e egbomi Fernanda Júlia Onisajé, do Ilê Asé Oyá L’adê Inan, e com a presença de Mametu Allana Dandaramazi, zeladora transgênera do Unzo de Ungunzo Kessimbi Amazi; o babalorixá Gilson Ajunkesi, do Ilê Asé Ibá Ajunkesy, e o pesquisador egbomi Claudenilson Dias, do Ilê Asé Etomin Ewa.
O evento conta com a parceria da Defensoria Pública Estadual, da ONG Koinonia e do CUS – Grupo de Pesquisa em Cultura e Sexualidade, da UFBA (Universidade Federal da Bahia).
TransBatukada
A Transbatukada é um grupo de percussão autoorganizado, que produz encontros formativos-musicais, a partir da demanda de representatividade de pessoas trans e travestis na esfera musicial/artivista e tem como idealizador e multiplicador o ativista Antenor Cardoso.
Os ensaios da Transbatukada acontecem aos sábados, às 14hs, e é aberto a todas as pesssoas trans e travestis.
Serviço:
O que: Debate ‘A Transgeneridade nas Religiões’ + apresentação do grupo Transbatukada.
Quando: 17/05, às 14h30.
Onde: Espaço Cultural da Barroquinha.
Quanto: Pague Quanto Puder.