Conheça a história de Sebastian Dance, a dançarina que lacrou no palco com Pabllo Vittar

Órfã de pai e mãe, Sebastian Dance viveu até os 18 anos em um orfanato na Ribeira, em Salvador. Foi deixada na porta da instituição dentro de uma caixa de isopor e passou a vida lutando para se destacar no meio da multidão. Ontem, aos 41 anos, roubou a cena durante o show da drag queen Pabllo Vittar no Festival da Virada Salvador.

Ficou 30 minutos, em pé, nos ombos de um desconhecido tentando chamar a atenção da diva. Conseguiu. Subiu no palco, dançou K.O. (música de maior sucesso da drag) e mostrou para o mundo o gingado que pode ser visto atualmente nas praias da Barra, Boca do Rio e Imbuí em apresentações de dança que faz para sobreviver.

Olha só o close em cima do palco do festival da virada Salvador. @sebastiandance subiu no palco e deu K.O. ao som de @pabllovittar #salvador #virada #viradasalvador #festivaldavirada #pabllo #vittar #vittarlovers #vittaremsalvador #gay #lgbt #closemesalte

Uma publicação compartilhada por Me Salte (@me_salte) em 28 de Dez, 2017 às 6:13 PST

Formada em dança, jazz e balé através de projeto social da Universidade Federal da Bahia,  em 1997, Sebastian já teve oportunidade de sentir o gostinho da fama. “Cheguei a dançar dois shows com Daniela Mercury nos anos 1990. Quando eu sai do orfanato cheguei também a dançar um tempo no grupo É o Tchan por dois meses. Fiz programas de televisão famosos de rede nacional”, conta Sebastian que ganhou esse nome, segundo ela relata, no programa Domingão do Faustão.

“Eu estava no camarim quando Faustão me viu e disse que eu parecia com o Sebastian (famoso pela propaganda das lojas C&A). Ele me chamou desse nome ao vivo e hoje é o nome que me reconheço”, relata Sebastian que desde ontem não para de ser solicitada pela imprensa. “Já perdi as contas de  quantas entrevistas eu dei. Mas gosto assim porque sou famosa”, brinca.

Sebastian ressalta que não gosta de rótulos nem de gêneros. “Não sou um homem gay, não sou uma travesti. Eu sou diferente. Não preciso botar cabelo, tatuagem. Sou uma diferença e vivo feliz por isso. O povo me chama de Sebastiana, de Sebastian, mas eu sou eu e pronto”, afirma Sebastian que sonha em ter reconhecimento e oportunidade de voltar aos palcos.

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“Eu moro de aluguel. Minha casa pegou fogo no ano passado. Minha única fonte de renda são os shows que faço nas praias. Ganho, em média, R$ 800 por mês. Disso eu tiro o aluguel, o dinheiro da academia e de comer”, destaca a dançarina que mora no bairro de Pituaçu.

“Olha a bunda dessa menina”
A expressão que Pabllo Vittar fez no palco é a mesma que Sebastian ouve o tempo todo na rua. O corpo em forma – que ela deixa à mostra com seus tops, sainhas e biquínis – deixa muita gente admirado. “Enquanto ela me abraçava dizia que eu era gostosa. Ela disse que Anitta precisava me conhecer”, revela Sebastian.

A forma, aos 41 anos, é resultado de muita malhação. “Eu não bebo, não fumo e não uso drogas. Eu só como comida saudável e malho todos os dias para ficar com a bunda durinha. Esse corpo aqui é todo de academia. Eu amo malhar”.

“Eu sai de casa ontem na intenção de subir no palco para ela me dá uma oportunidade. Venho buscando isso há dez anos, ter uma nova visibilidade. Eu senti nos olhos dela que ela ia me ajudar. Ela é igual a mim. Precisamos nos ajudar. Fiquei meia hora no pescoço de alguém que eu nem sei quem era, que só quis me ajudar”, afirma Sebastian que já recebeu convites para curtir mais dias do Festival de Virada no camarote.

Nas redes sociais Sebastian sempre ahasa. “Eu gosto de causar por minhas pernas próprias. Vou na Barroquinha, compro meus tops e faço sucesso por onde passo. Sofremos preconceito, mas temos que lutar com alegria”.

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Uma publicação compartilhada por Sebastian Oficial® (@sebastiandance) em 20 de Dez, 2017 às 1:13 PST

“Foi uma sensação incrível dançar com ela. Ela que me deu essa oportunidade de estar ao lado dela, e de mostrar meu trabalho”, disse Sebastian que se candidatou ao cargo de vereador pelo PSDB ano passado mas só obteve 106 votos.

Ela disse que quer, agora, uma oportunidade num grupo de dança ou numa banda: “Pabllo me deu essa oportunidade de mostrar meu trabalho. Quero dançar, seguir minha carreira, ter uma oportunidade em algum grupo ou fazer carreira solo”.