Por Carmen Vasconcelos

Às vésperas do Golpe de 1964, uma travesti recebe, como encomenda do seu amante militar, a tarefa de montar um show em homenagem a Ary Barroso, o ‘compositor do Brasil’. Enquanto interpreta as canções, ela vai revelando sentimentos, segredos, lembranças, as lutas cotidianas contra o preconceito e a marginalização da sua condição à época. Essa é a história narrada no espetáculo Os Pássaros de Copacabana, que volta ao palco do Teatro Molière, da Aliança Francesa, à partir de sábado (24) e segue até o dia 13 de maio.

Na sua primeira experiência num monólogo que também é musical, Marcelo Praddo se desdobra para interpretar, dançar e cantar sozinho em cena, dando vida à personagem. Embora tenha começado no teatro por meio do canto e da composição, para o ator, a dança entrou como um desafio dirigido por Bárbara Barbará.

“Durante as apresentações em Teresina, cheguei a ser questionado se era também era dançarino, para o deleite de Bárbara, mas preciso reconhecer o esforço para conseguir reunir todas essas linguagens”, diz. Vale salientar que Os Pássaros de Copacabana fechou 2017 com quatro indicações ao Prêmio Braskem de Teatro: Melhor Ator (Marcelo Praddo) e Melhor Direção de Movimento (Bárbara Barbará), Melhor Direção e Melhor Texto (Gil Vicente Tavares).

O espetáculo faz parte do projeto do Teatro NU, selecionado no Edital Setorial do Governo do Estado na categoria “Apoio a Grupos e Coletivos Culturais”, e tem apoio financeiro do Fundo de Cultura. Depois do fim da temporada de Os Pássaros de Copacabana, o projeto apresentará outras duas peças: Quarteto e Os Javalis, onde Praddo divide a cena com Bertrand Duarte e Carlos Betão, respectivamente. Realização é do Teatro NU, com produção de Selma Santos e a peça foi criada especialmente para os 30 anos de carreira do ator.

“Quando Gil me perguntou sobre o que eu queria fazer, falei da minha inquietação em abordar as questões de gênero. Ele então se debruçou numa pesquisa muito cuidadosa que resulta nessa peça que, apesar de passar na década de 60, a peça traz reflexões que ecoam na atualidade”, completa Praddo.

Em Os Pássaros de Copacabana, as canções ganharam os arranjos de Jarbas Bitencourt e são executadas ao vivo, com o acompanhamento do multi-instrumentista Elinaldo Nascimento. A iluminação ficou a cargo de Eduardo Tudella, cenário e figurinos de Euro Pires, a equipe conta ainda com a direção de movimento de Bárbara Barbará e a maquiagem de Anna Oliveira. A programação gráfica desta temporada está a cargo do designer Guto Chaves.

SERVIÇO
O que: Os Pássaros de Copacabana
Local: Teatro Molière – Aliança Francesa, na Ladeira da Barra
Estreia: 24 de março
Temporada: de 24 de março a 13 de maio – sábados e domingos
Horário: 20 horas
Ingresso: R$ 30,00 / R$ 15,00
Realização: Teatro NU
Direção de Produção: Selma Santos

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