Por Vitor Andrade
Há uma bandeira colorida que celebra a diversidade e a inclusão. E há quem, covardemente, a mancha de sangue. É por isso que o ativismo é necessário. Há a exclusão diária de travestis e transexuais em ambientes de ensino, impossibilitando-lhes uma formação.
É por isso que o ativismo é necessário. Há o estupro corretivo de lésbicas. É por isso que o ativismo é necessário. É também por isso. E infelizmente por muito mais, numa lista criminosa sem fim de atentados contra os direitos da população LGBTQI+ – da qual orgulhosamente eu faço parte.
Mas há uma trajetória pesada até que se entender gay deixe de ser uma dor, um peso, e se torne um orgulho. Celebrar o Orgulho LGBTQI+ é trabalhar em prol de uma sociedade igualitária, que entenda a diversidade, abrace-a e legisle por ela. Ainda há muito o que se fazer.
Ainda é necessário mexer na estrutura social que é permissiva com a morte de LGBTQI+. Que incentiva a morte de LGBTQI+. Que não vê como absurda a exclusão e não consegue dialogar com a diversidade. Que não pensa sobre a evasão escolar dessa população e o reflexo disso no nosso futuro, nos negando historicamente direitos básicos.
Celebrar essa data é também permitir que jovens LGBTQI+ tenham memórias saudáveis do primeiro beijo. De uma socialização saudável inseridos em grupos que dialoguem com os seus interesses. Que não seja uma tortura contar às nossas famílias sobre a nossa orientação sexual/identidade de gênero. Que não nos seja roubada a oportunidade de ter lembranças positivas de uma juventude livre. Que não seja parte das nossas memórias de juventude a exclusão ou a solidão. Para que a gente não precise chorar por um amigo vítima da homofobia/lesbofobia/transfobia ou qualquer tipo de violência contra nós.
Um artigo do Me Salte publicado hoje, assinado por Marcelo Cerqueira, lembra que a pesquisa Homofobia Mata, do Grupo Gay da Bahia, documentou 445 crimes letais contra LGBTQI+ no ano passado no Brasil, e 58 suicídios – aumento de 30% em relação a 2016. É por isso que o ativismo é necessário.
*Vitor é jornalista. O texto foi publicado originalmente nas redes sociais do jornalista e cedido ao Me Salte