Por Joana Miranda*
“É uma escolha viver com fantasmas, também uma escolha ser mãe. Mas a escolha mais contundente em viver é transformar. Transformar o visível em invisível aos olhares alheios.
Olhos de quem viu você crescer e transcender. Transcender bem embaixo do meu nariz, nariz de mãe, que cheira tudo… ou quase tudo. O que eu não quero cheirar? Pouco importa. O nome que eu escolhi pra lhe batizar? Pouco importa? Menino ou menina? Pouco importa.
Por nove meses eu disse: quero é que venha com saúde. Por minha vida eu digo: eu quero é que viva com saúde. E quero mais, quero que ande por aí cidadão, um invisível cidadão.
Eu quero lhe poupar de todo e qualquer mal estar que lhe causem por lhe tornarem visíveis seus fantasmas aos 4, aos 5 anos, tapar a boca alheia de onde teimam em sair seus fantasmas. Mãe selvagem eu sou.
Mas dessa selva a se transformar. Eu estou aqui pra você, mesmo na sua solidão visível, na minha solidão atravessante.”
*Joana Miranda tem 35Â anos, é técnica em edificações, graduanda em Psicologia pela Faculdade Social da Bahia e mãe de Gabriel, rapaz trans de 13 anos.
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